quarta-feira, janeiro 30, 2008 |
 (Quadro de Tarsila do Amaral) Aproveitando o carnaval deixo o texto abaixo, que já foi publicado aqui em novembro de 2004. Porém, o poema é inédito. Espero que tenham uma boa leitura. CARNAVAL EM GUPIARA
Quando meu pai chegou a Gupiara já era quase época de carnaval. Então ele fez logo amizade nos seus arredores e junto com pessoas de sua idade organizaram um bloco para a festa que se aproximava. E fundaram um de nome esquisito: O Inferno das Cuias. Apesar do nome feio e estrambótico, o pequeno grupo queria se divertir pra valer. E realmente aproveitaram aqueles dias de uma festa profana, no dizer ainda de velhas carolas que viviam cuidando mais de assuntos não pertinentes às mesmas.
Acho que Painhô não tinha ainda conhecido minha mãe, porque depois me disse que se enrabichou por uma suposta donzela que era um verdadeiro antro do prazer. Dessas de você ficar babando e depois comer (a baba, claro) com os próprios lábios. Época difícil aquela, a idade era um martírio, meu pai ainda na agitação do espírito e querendo aproveitar o restinho de uma pós-adolescência. E a juventude, mesmo que um pouco tardia, seria adequada para a dita ocasião.
No lugar onde Painhô nasceu ele nunca brincara o carnaval, não existiam condições para isso. Ali, só havia uma seca brava, a enxada e a terra falavam melhor. E sua mãe, minha avó, portanto, exagerava nos cuidados de seus filhos. Sabia ela que eles eram jovens e queriam aproveitar a idade, principalmente Painhô, o mais velho de todos. E meu pai vivia dizendo que o tempo não espera por ninguém, é efêmero e tem lá as suas encrencas. Mas, o melhor era não decifrá-lo por enquanto. Quando chegasse na hora ele teria um compromisso com a verdade. Nua e crua.
A vivência faz o homem, a consciência depende do lado humano, sua criação, o modo de olhar o mundo e julgá-lo. A festa do começo do ano era a alegria do povo, porém, era, também, paradoxalmente, a sua tristeza. Um desalento endógeno. Seriam três ou quatro dias para desabafar incertezas, enganar-se nas desilusões. E depois viriam os resquícios das cinzas, apenas a desesperança que ficara para trás. Aquele mesmo borralho espalhado e absorvido pelo ser humano na continuidade de uma vida de valores inexistentes.
Mas, diante de si, Painhô olhou o entusiasmo na rua e não fez por menos, caiu no chafurdo com o bloco carnavalesco. Os outros na ilusão de noventa e seis horas, perdidos no meio da vida. Sumidos numa pseudo-alegria. O carnaval fora embora. Nada mais de confetes, serpentinas ou pierrôs. Ou mesmo o palhaço fazendo muganga. As máscaras caíram nos esgotos de uma existência não atingível.
ESPAÇO LIVRE

OCORRÊNCIA
Luzes, então, adormecidas clareiam teus olhos na virtude de amores vividos.
O da adolescência, a paixão ingênua. Na maturidade, o furor súbito. E o da velhice, um elo (in)consciente.
Nas sombras de nossas existências!
Bené Chaves
quarta-feira, janeiro 23, 2008 |
 (Arte de Brites dos Santos, in 1000imagens) O texto abaixo já foi publicado aqui em novembro de 2004. Sai novamente para os que ainda não o leram.
ESQUISITICES EM GUPIARA No começo dos tempos Gupiara vivia a sua simples vida. A igrejinha onde se reuniam aos domingos servia mais para comentários sobre o que acontecia (e aquela estória do sujeito que tentou explorar diamantes já chegara à exaustão) nos arredores, do que propriamente para a real finalidade, ou seja, rezar. A não ser as velhas devotas que se plantavam ali e ficavam o resto da manhã. Pois bem! No entanto acho que elas fuxicavam bem mais do que os outros habitantes
E vale registrar aqui que algumas pessoas do singular lugarejo tinham nomes e corpos estranhos. Não sei se na crença apenas do povo... Na rua onde Painhô e minha mãe moravam vez ou outra surgiam nas cercanias próximas indivíduos monstruosos e além de nossa imaginação. Rostos deformados não raro apareciam e faziam medo à criançada inocente.
As convicções levavam fé e diziam ser coisa feita em terreiro, vingança de família, manifestações própria de cidades pequenas. Enquanto algumas pessoas tinham receio, outras nem ligavam ao episódio. E as fanfarrices aumentavam e serviam de riso para alheios.
Nomes esquisitos como Insulino, Aborígene, Dilúvio e outros sempre vinham à tona, mesmo que em escalas menores. Apenas os seus pais não foram felizes na hora do registro. Ou então resolveram, por um motivo ou outro, diferenciar do lugar comum. Porém era gente boa, honesta, dessa de se entregar ouro em pó(Não indo daqui nenhuma relação com os supostos diamantes).
E acostumávamos ao cotidiano deixando passar tais fatos insignificantes, não nos importando mais com detalhes corriqueiros. Embora surgisse aqui e acolá uma estória ou outra com cunho de perversidade. Então, aos poucos, todos iam acabando a intromissão nos assuntos alheios.
Juro por tudo nesse mundo que uma única vez manguei dos pobres coitados. Terminei mandando-os pros cafundós-do-judas, sem nem mesmo saber onde ficava tal lugar. Coisa de menino buchudo mesmo. Ou quem sabe de um sonho qualquer.
Mas, houve um caso especial: certo dia um se meteu a besta e quis me bater. (E eu me lembrei daquela cantoria de Painhô: 'nego danado nunca diga que me deu...'). O certo é que corri léguas com medo daquele monstrengo de nariz empinado e no meio da testa. Não sei onde fui parar. Certamente no lugar onde o teria mandado anteriormente. Estava suado como nunca.
Porém voltei pra casa onze e trinta e já era hora do almoço. Ah, as deliciosas comidas de Tia Chica! Painhô me contou que ela fez um baião-de-dois que era coisa de cinema. Somente ela conseguiria aquele chamado gosto ideal. Meu pai e Mainhô nunca comeram tanto em suas vidas. E, portanto, todos saborearam e cagaram e saborearam e cagaram. A preta velha tinha realmente suas mãos esmeradas. Mas, acho que naquele começo de tarde o sanitário quase entupiu de tanto vai-e-vem.Não que a comida tivesse feito mal, mas pelo exagero e gula do seu sabor.
ESPAÇO LIVRE
Compartilho hoje com vocês do poema de Letícia Coelho, do blogue www.leticialocoelho.blogspot.com. Espero que tenham uma boa leitura.

A te esperar...
Mordo os lábios a te esperar.... quero te ver sem as máscaras... somente as tuas garras... neste corpo... que é consumido pelo desejo... impróprio talvez... mas te cobiço... e assim te quero. Tenho o alimento para o teu apetite... arrisque um palpite... transformo teus anseios proibidos... em verdades realizadas... assim as claras... todas despudoradas. Assumo - me mulher.... aquela que te desfaz... que te perturba... inunda teus pensamentos... desnuda, mas repleta de sentimentos... ousados e sugados...latentes... como os que ardem nas noites... aquelas em que tu te sentes quente... suado, molhado... e imaginas... suavemente minha língua... passear nos teus limites... ....ser tua afrodite... meu desejo.... fico no ensejo... para o teu prazer... e eu a me deleitar... enquanto fico só a imaginar.
quarta-feira, janeiro 16, 2008 |
Quadro do pintor Walfran Guedes VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (22)
De Ary Barroso:
No tabuleiro da baiana tem Vatapá, oi Carurú Mungunzá, oi Tem umbú Pra ioiô Se eu pedir você me dá? O seu coração Seu amor de Iaiá? No coração da baiana tem Sedução, oi Canjerê, oi Ilusão, oi Candomblé pra você Juro por Deus Pelo Senhor do Bonfim Quero você Baianinha inteirinha pra mim E depois O que será de nós dois? Seu amor é tão fugaz, enganador Tudo já fiz Fui até num canjerê Pra ser feliz Meus trapinhos juntar com você E depois Vai ser mais uma ilusão No amor quem governa é o coração
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Tá fazendo um ano e meio, amor Que o nosso lar desmoronou Meu sabiá, meu violão E uma cruel desilusão Foi tudo que ficou Ficou Prá machucar meu coração (bis)
Quem sabe, não foi bem melhor assim Melhor prá você e melhor prá mim O mundo é uma escola Onde a gente precisa aprender A ciência de viver prá não sofrer
Tá fazendo um ano e meio, amor Que o nosso lar desmoronou Meu sabiá, meu violão E uma cruel desilusão Foi tudo que ficou Ficou Prá machucar meu coração Prá machucar.
Obs: Versos de 'No Tabuleiro da baiana'(1936) e 'Pra machucar meu coração'(1943), ambos do autor acima. A primeira música é o título de uma canção(samba-batuque), o primeiro sucesso do autor. Refere-se a uma das principais figuras típicas de Salvador: a baiana, que vende seus produtos nas ruas da capital ganhando o seu sustento. A letra foi feita especialmente para a peça 'Maravilhosa', cantada por Déo Maia e Grande Otelo. E no mesmo ano voltou a integrar outra Revista, desta feita com o Oscarito. A segunda canção foi gravada no mesmo ano(em 1943) também pelo Déo Maia e com acompanhamento da orquestra do Chiquinho. Ary foi criado pela avó Gabriela e pela tia Ritinha. Aos 12 anos já fazia fundo musical ao piano para filmes do cinema mudo. Envolveu-se (infelizmente) com a política e foi eleito vereador pela antiga UDN em 1946. Mas, era um eterno apaixonado pelo futebol e pela boemia. Flamenguista fanático, não conseguir irradiar os jogos do seu time, pois torcia mais do que propriamente narrava. No rádio sustentou o programa 'Calouros' desde o final dos anos 30 até os anos 50.
ESPAÇO LIVRE

MOMENTANEIDADE
Nos teus faiscantes olhos azuis (que me tontearam a sensatez) turbulentos como o mar bravio acendo o lume de tórridos desejos e deixo-te sorver o sumo íntimo de supostas e sacudidas paixões.
E no frêmito do amor farto e fugaz nós a erguermos entre paredes sem cor o tilintar de taças em líquidas ilusões.
O prazer, um instante revivido. A dor, uma seqüela a incomodar.
E tu a sair incólume com teu olhar que me embebedou de tentações.
Bené Chaves
quarta-feira, janeiro 09, 2008 |
 O texto abaixo já foi publicado aqui em dezembro de 2004, assim como também o poema. É uma oportunidade nova para os que não os viram na ocasião. Espero que tenham uma boa leitura. LUA CHEIA
Painhô reuniu alguns amigos no alpendre, puxou o violão pra si e sentou-se na rede de armadores enferrujados. A lua surgiu com uma enorme claridade, aquele facho arredondado e amarelado quase batendo nos telhados da casa. Mainhô ainda me carregando na barriga, tudo indicava uma parição para breve. Mas, aqui pra nós, nunca vi um bucho demorar tanto!
(Diz uma lenda que menininhos subiram e bateram naquela lua formosa. Então um homem no seu cavalo branco abriu sua gigantesca porta e os fez entrar. Ali estava uma mulher inquieta e nua, deitada entre vultosas e pitorescas figuras. As inocentes crianças fizeram alguns pedidos que foram prontamente aceitos, mas depois desceram às gargalhadas e desapareceriam na madrugada fria. Ninguém conseguiu decifrar tais solicitações, porém São Jorge havia dito que o Sol seria o culpado da suspensão de uma noite linda. E saiu a cavalgar tentando resplandecer a Lua no interminável. Diz também a lenda que o dragão fez adormecer o astro maior, porém nunca confirmaram tal desconfiança).
Então, a lua daquela noite tornou-se mais bela do que nunca. Não era qualquer uma, era a lua de Gupiara. Parecia que estava adivinhando e querendo escutar meu pai no violão. Ficou silenciosa e volumosa, firmemente volumosa. Painhô me disse depois que jurou existir uma particular simbiose dele com o exuberante satélite. Exagerando, creio eu.
E com a terra ficando entre as duas maiores estrelas e recebendo de uma os raios lunares refletidos, ele cantou, disse-me, uns versos a que deu o nome de 'O fanfarrão':
Dos repentes que sai de minha lira Já denuncio uma vida tenebrosa Nesta minha existência tão penosa Já fiz coisa que o mundo se admira Fiz um furo na Serra da Partira Qu'era maior que o Túnel do Pavão Bem lá dentro armei um açapão Todo composto de muitas navaias Qu'era pra ver se encontrava os canaias Que me viesse falar de avião.
E espichou o estribilho, os olhos de namoro com a lua:
Ai, ai, ai, ai Gupiara Ai, ai, ai minha Lua Ai, ai Mainhô Você é meu amor. As modas matutas traziam, às vezes, por si só, erros na composição, porém o gostoso era saber suas rimas. Que fosse pro diabo a ingerência gramatical!
Painhô parou de vez, jogou o instrumento pro canto e abaixou a cabeça. Meu filho, dizia ele, penso comigo mesmo: o tempo passa, as pessoas se transformam e tudo se revela enigmático. A felicidade é transmutável.
Despediu-se dos amigos e também da bonita lua, que ficou redondinha redondinha sem querer subir.Tia Chica já cochilava aos roncos, estirada lá pros fundos da casa. E minha mãe abria a boca de tanto sono.
Que tivessem, pois, uma sossegada noite. Nada de remexerem comigo!
ESPAÇO LIVRE
VELHA FOTOGRAFIA
Oh, espelho usado, estilhaçado... reflexo da pequena estampa passada presente futura. Roída e acinzentada parede.
Imagem antiga, retorcida... sinal de uma cansada vida.
Imagem anômala, dEfOrMaDa... não há de ser nada?
Retrato solitário, solidário de longa existência lágrima riso imaginário.
Bené Chaves
quarta-feira, janeiro 02, 2008 |
 Cena de 'Saraband'
OS FILMES QUE VI E REVI EM 2007
No ano que findou vi uma boa média de fitas. E também revi algumas importantes. E graças ao advento do DVD, sobretudo, filmes brasileiros como parte do projeto 'Cenas Brasileiras: 60 anos de cinema (1928/88)', coletânea organizada pelo Marcos Silva( professor de História da USP) e também por mim. Destacarei os mais importantes, a saber: Saraband, do mestre Ingmar Bergman, produção de 2003, parece-me encabeçar tal lista, que vi logo no comecinho de 2007. Depois tive a oportunidade de conhecer o cinema do francês Eric Rohmer através de Conto da Primavera(1990), Noites de Lua Cheia(1984), A Marquesa D’O...(1976) e Conto de Outono( 1998). Acredito que o primeiro citado talvez seja, em uma visão inicial, o melhor destes quatro filmes do diretor. Vi também clássicos importantes e que ainda não conhecia, claro. O cineasta Billy Wilder com o afamado Pacto de sangue(1945) e o Jules Dassin em Sombras do Mal, produção de 1950, obras-primas comprovadas. Cito também Almas Perversas(1945), excelente filme do Fritz Lang e o não menos famoso Laura, do diretor de origem austríaca Otto Premminger. Todos esses dentro de uma linha do chamado filme noir. E posso citar o Robert Siodmak na produção de 1945 com o seu Silêncio nas trevas, notadamente pela fotografia expressionista que mostra. Conheci também As duas inglesas e o amor(1971), excelente fita do François Truffaut, que julgo ser uma das melhores deste ex-crítico de cinema e, infelizmente, já morto ainda na sua maturidade. Adaptado da obra do escritor Henri-Pierre Roché, depois de atos e fatos, ele diz lá pras tantas: 'não é o amor que atrapalha a vida, mas a incerteza do amor'. Vi também outro filme muito bonito: Flores do amanhã, de Zhang Yang, produção de 2005 e que trata do conflito entre duas gerações, pai e filho, talvez o cineasta querendo mostrar através de metáforas a rivalidade entre a China antiga e a atual. Destaco um Marco Bellocchio com o ótimo Bom dia, noite, que realizou em 2003, assim como também A Dália Negra, um firme Brian De Palma, realização de 2006. Vi pela primeira vez, depois de tantos anos, O Grande Momento(1957), do brasileiro Roberto Santos e que traz certa influência do neo-realismo italiano. Também outro nacional que merece destaque é Cinema, aspirinas e urubus, do Marcelo Gomes, produção de 2005. E o faroeste Era uma vez no Oeste(1968), de Sergio Leone e que somente vi no ano passado por incrível que possa parecer. Traz a então bela Claudia Cardinale e interpretações primorosas de Charles Bronson e Henry Fonda. Um western de primeira qualidade. Poderia citar aqui o filme de Wim Wenders Estrela Solitária, realização de 2005 e um Pedro Almodóvar menor em Volver, que ele fez em 2006. E como comecei o ano de 2007 com um Bergman, termino também com ele. Vi, no finalzinho, Sonhos de mulheres, de 1955. Creio que seja uma fita de menos pulso do cineasta sueco, porém já tentando aprimorar sua arte cinematográfica. E um fato interessante: em uma das cenas a personagem pega dois LPs e em um deles está escrito a palavra saraband, que seria o nome do filme que ele faria muitos anos depois. Cito também, embora com pouco entusiasmo, duas fitas do Clint Eastwood: A conquista da honra e Cartas de Iwo Jima, ambas realizadas em 2006. Numa primeira impressão e visão, acredito que o primeiro citado supere um pouco as pretensões do segundo. Mais também podem se igualar, supondo eu que sejam dois filmes de um mesmo impacto narrativo.
A bela Simonetta Stefanelli(1954/2006), atriz de 'O Poderoso Chefão' Nas minhas revisões feitas no ano próximo passado poderia destacar como uma das principais a de O Poderoso chefão (1972), que continua sendo um belo e portentoso filme de Francis Ford Coppola. Como também revi Cantando na chuva(1952), da dupla Stanley Donen & Gene Kelly, musical que continua com o mesmo fôlego, apesar de gostar mais de Amor sublime amor, também realizado a quatro mãos, musical de Robert Wise & Jerome Robbins. Outros filmes destacados e que foram revistos: Os inocentes, produção de 1961 dirigida pelo Jack Clayton e Chaga de fogo(1951) de William Wyler. Também revi os excelentes Mephisto, do István Szabó, produção de 1981, uma parábola sobre a ascensão nazista na Alemanha e O Tambor(1984), filme alemão de Volker Schlondorff, que continua tão belo quanto antes. Uma revisão que cresceu aos meus olhos: Fahrenheit 451, que o François Truffaut realizou lá pras bandas de 1966. No plano nacional e graças ao projeto comentado acima, vi e revi algumas boas produções. Tive a oportunidade de rever Tocaia no asfalto, de 1962, dirigido por Roberto Pires, que gostei mais agora; A Hora da estrela(1985), de Suzana Amaral, baseado no livro da Clarice Lispector; Tudo Bem (1978), do Arnaldo Jabor e filme por mim comentado no livro que organizamos. Revi também Chuvas de verão, que o Carlos Diegues realizou em 1978, assim como o documentário Aruanda (1962) do Linduarte Noronha. E vi mais dois documentários: Os Romeiros da Guia(1962), de Vladimir Carvalho e João Ramiro Mello e O país de São Saruê, que o Vladimir Carvalho realizou em 1971. Tive oportunidade de ver ainda Brasa dormida, do Humberto Mauro e que inicia os textos do tal projeto, pois foi realizado em 1928. Destaco também o filme do Ozualdo Candeias, A margem(1967), apesar da péssima qualidade da cópia. Aliás, foi uma constante neste itinerário das fitas brasileiras o estado deplorável das cópias. Não existe um mínimo cuidado em restaurá-las com uma boa imagem. Acho que seja mais falta de interesse por conta de um lucro não imediato. Vi, por fim, Mar de Rosas(1977), dirigido pela Ana Carolina, uma obra com pitadas meio surrealistas à maneira do Luis Buñuel. Eis, portanto, uma pequena amostragem do que foi o ano de 2007 para mim. Um ótimo ano. Os que não foram citados logicamente ficaram aquém de suas possibilidades. E um dado meio impressionante: todos os filmes que mencionei foram vistos e revistos em DVD, já que os cinemas de Natal não oferecem nenhuma qualidade nas suas programações.
ESPAÇO LIVRE
VÉRTICE
Universo único verso da criação percurso no curso do irreal.
Universo verso único de ligação temeridade na razão.
De (in)frutíferas idéias?
Bené Chaves
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