
(Arte de Brites dos Santos, in 1000imagens)
O texto abaixo já foi publicado aqui em novembro de 2004. Sai novamente para os que ainda não o leram.
ESQUISITICES EM GUPIARA No começo dos tempos Gupiara vivia a sua simples vida. A igrejinha onde se reuniam aos domingos servia mais para comentários sobre o que acontecia (e aquela estória do sujeito que tentou explorar diamantes já chegara à exaustão) nos arredores, do que propriamente para a real finalidade, ou seja, rezar. A não ser as velhas devotas que se plantavam ali e ficavam o resto da manhã. Pois bem! No entanto acho que elas fuxicavam bem mais do que os outros habitantes
E vale registrar aqui que algumas pessoas do singular lugarejo tinham nomes e corpos estranhos. Não sei se na crença apenas do povo... Na rua onde Painhô e minha mãe moravam vez ou outra surgiam nas cercanias próximas indivíduos monstruosos e além de nossa imaginação. Rostos deformados não raro apareciam e faziam medo à criançada inocente.
As convicções levavam fé e diziam ser coisa feita em terreiro, vingança de família, manifestações própria de cidades pequenas. Enquanto algumas pessoas tinham receio, outras nem ligavam ao episódio. E as fanfarrices aumentavam e serviam de riso para alheios.
Nomes esquisitos como Insulino, Aborígene, Dilúvio e outros sempre vinham à tona, mesmo que em escalas menores. Apenas os seus pais não foram felizes na hora do registro. Ou então resolveram, por um motivo ou outro, diferenciar do lugar comum. Porém era gente boa, honesta, dessa de se entregar ouro em pó(Não indo daqui nenhuma relação com os supostos diamantes).
E acostumávamos ao cotidiano deixando passar tais fatos insignificantes, não nos importando mais com detalhes corriqueiros. Embora surgisse aqui e acolá uma estória ou outra com cunho de perversidade. Então, aos poucos, todos iam acabando a intromissão nos assuntos alheios.
Juro por tudo nesse mundo que uma única vez manguei dos pobres coitados. Terminei mandando-os pros cafundós-do-judas, sem nem mesmo saber onde ficava tal lugar. Coisa de menino buchudo mesmo. Ou quem sabe de um sonho qualquer.
Mas, houve um caso especial: certo dia um se meteu a besta e quis me bater. (E eu me lembrei daquela cantoria de Painhô: 'nego danado nunca diga que me deu...'). O certo é que corri léguas com medo daquele monstrengo de nariz empinado e no meio da testa. Não sei onde fui parar. Certamente no lugar onde o teria mandado anteriormente. Estava suado como nunca.
Porém voltei pra casa onze e trinta e já era hora do almoço. Ah, as deliciosas comidas de Tia Chica! Painhô me contou que ela fez um baião-de-dois que era coisa de cinema. Somente ela conseguiria aquele chamado gosto ideal. Meu pai e Mainhô nunca comeram tanto em suas vidas. E, portanto, todos saborearam e cagaram e saborearam e cagaram. A preta velha tinha realmente suas mãos esmeradas. Mas, acho que naquele começo de tarde o sanitário quase entupiu de tanto vai-e-vem.Não que a comida tivesse feito mal, mas pelo exagero e gula do seu sabor.
ESPAÇO LIVRE
Compartilho hoje com vocês do poema de Letícia Coelho, do blogue www.leticialocoelho.blogspot.com. Espero que tenham uma boa leitura.

A te esperar...
Mordo os lábios a te esperar.... quero te ver sem as máscaras...
somente as tuas garras...
neste corpo...
que é consumido pelo desejo...
impróprio talvez...
mas te cobiço...
e assim te quero.
Tenho o alimento para o teu apetite...
arrisque um palpite...
transformo teus anseios proibidos...
em verdades realizadas...
assim as claras...
todas despudoradas.
Assumo - me mulher....
aquela que te desfaz...
que te perturba...
inunda teus pensamentos...
desnuda, mas repleta de sentimentos...
ousados e sugados...latentes...
como os que ardem nas noites...
aquelas em que tu te sentes quente...
suado, molhado...
e imaginas...
suavemente minha língua...
passear nos teus limites...
....ser tua afrodite...
meu desejo....
fico no ensejo...
para o teu prazer...
e eu a me deleitar...
enquanto fico só a imaginar.