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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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sábado, agosto 26, 2006



PALAVRAS QUE INQUIETAM (10)



Þ O poeta e escritor austríaco Ernst Fischer, nascido em 1899 dizia, entre outras coisas, que "em um mundo alienado, no qual unicamente as 'coisas' possuem valor, o homem se torna um objeto entre objetos: o mais impotente, o mais desprezível dos objetos. Eles, os objetos, têm mais força do que os homens".
Em razão disso acrescenta com lucidez: "a arte é necessária para que ele, o homem, se torne capaz de conhecer e mudar o mundo".


Þ Quem nos fala agora é a chinesa Chiang Kai - shek, que nasceu em Xangai no ano de 1899, o mesmo do filósofo anterior. Dizia lá nos seus ensinamentos que "o excesso de riqueza devia pertencer à humanidade... deve haver igualdade entre os povos e as classes... paz e harmonia entre as nações; roupa, alimento e habitação para os indivíduos".
Mas, o que vemos depois de quase um século de vida? Que seu discurso tão apregoado com louvor, parece ter desfalecido na ganância insaciável e na insensatez dos homens. Afinal, concluía: "não sou mística, não sou visionária. Acredito no mundo visto, não no mundo não visto".


Þ Mas, "enquanto a humanidade não se livrar da avareza e da ambição, haverá guerra", já dizia o estadista John Marshall, ao que Charles Sumner(1811/1874) passou a expor a inutilidade da mesma, "sua absoluta incapacidade para decidir a questão do justo e do injusto", dizendo depois que ela "esmaga sob o calcanhar sangrento toda a justiça, toda a felicidade e tudo o que há de divino no homem". Antes disso, Thomas Jefferson, outro estadista americano, já teria acrescentado: "afinal de contas, os ratos têm de proceder como ratos", ilustrando com certa ironia. E o que ele sempre desejou e lutou foi "impedir a acumulação e a perpetuação da riqueza no seio de uma elite", já que "bastava um simples mecanismo para arrancar dinheiro do bolso de um homem e colocá-lo no bolso de outro. São lobos a governar ovelhas". Sabendo também que os homens "sentem o poder e esquecem o direito", idealizou teoricamente que "a vontade da maioria será lei, os direitos da minoria serão protegidos, a justiça será dispensada com eqüidade para todos". Depois, falou com sabedoria e bom senso: "a educação, arroteamento e plantio do pensamento humano, produz o alimento universal do humano progresso". E logo a seguir quedou-se triunfal ante exemplar conceito.

ESPAÇO LIVRE

Abro hoje um espaço para o grande poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade, com o seu bonito poema "A Língua Lambe":


A LÍNGUA LAMBE

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.



sexta-feira, agosto 18, 2006

PALAVRAS QUE INQUIETAM (9)



· Sobre a morte, esse fantasma que ronda nossas vidas e nos pega de surpresa, já comentava o célebre escritor argelino Albert Camus: "o que me espanta sempre, quando sempre estamos tão dispostos a sutilizar noutros assuntos, é a pobreza de nossas idéias acerca da morte". E acrescenta adiante que "terei de morrer, mas isso nada quer dizer, porquanto não chego a acreditar e só posso ter a experiência da morte dos outros". Todavia, diz ele, "... penso então: flores, sorrisos, desejos de mulheres, e compreendo que todo o meu horror de morrer está contido em meu ciúme de viver".
Apenas como ilustração: no belo filme O sétimo selo (1956), de Ingmar Bergman, o assunto é focalizado e na sua seqüência final mostra a sempre temível Morte carregando enfileirados todos os personagens da trama.

· Mas, vamos falar de vida... E sobre ela temos o depoimento realista do escritor americano Henry Miller, quando diz, entre outras coisas, que "a meu ver o mundo caminha para a ruína. Não é preciso muita inteligência para ir vivendo do jeito que as coisas andam. Na verdade, quanto menos inteligência se tem mais se progride", arrebatando depois que "eu queria encantar, mas não escravizar; queria uma vida mais ampla, mais rica, porém não à custa dos outros; eu queria libertar a imaginação de todos os homens..."

· E diante dos questionamentos da morte ou da vida, apelamos para o filósofo Confúcio, que viveu lá nos idos dos anos 531-478 a.C. Dizia ele, com a sabedoria que lhe foi peculiar: "como hei de compreender a morte, se ainda não compreendo a vida?".


· Mas, quanto aos caminhos e descaminhos obscuros de uma vivência com dignidade, o mesmo declarava: "se a humanidade fosse governada com justiça durante apenas um século, toda violência desapareceria da terra". Procurava compreender o ser humano, porém batia na tecla de que "não me preocupa muito que os homens não me entendam. O que me aflige é não os entender".
Vejam como naquele tempo as pessoas já eram estranhas e difíceis. Avaliem vocês se Confúcio vivesse no mundo atual com este elo forte de corrupção atiçando as falsas probidades humanas.

ESPAÇO LIVRE


EXTREMOS

Amando-te ou odiando-te
esqueço de nossa solidão
da infinita procura entre o
meu e o teu corpo.

E das estreitas diferenças
a invalidar o amor e o ódio
nesta fugaz inquietude do
nascer, viver e morrer.

Bené Chaves



sábado, agosto 12, 2006



PALAVRAS QUE INQUIETAM (8)




Jean-Paul Sartre, filósofo francês, já citado aqui, dizia contraído que "quando se vive, não sucede nada. Os cenários mudam, as pessoas entram e saem; é tudo. Nunca há princípios, os dias sucedem aos dias, sem tom nem som; é um alinhamento interminável e monótono", muito embora o escritor americano Henry Miller tivesse sua própria visão e feito a apologia de uma vida descontraída, quando afirma peremptório "a maravilha de simplesmente respirar com naturalidade, jamais se apressar, jamais ir a parte alguma, jamais fazer algo importante - exceto viver", complementando sua filosofia de vida e dizendo em alto e bom som que "quando a dor desaparece, a vida parece formidável, mesmo sem dinheiro, amigos ou grandes ambições" .


&&&&&


E dentro deste mundo cheio de contradições, inversões e reversões, existem aqueles que são egocêntricos, vaidosos, orgulhosos, os que pensam ser os donos da verdade. E aí, então, chega o célebre Santo Agostinho e vaticina veemente: "há pessoas que se apegam à sua opinião não porque seja verdadeira, mas porque é sua".
Não é uma máxima formidável e sempre atual? Quantas pessoas ainda assim nesta vida de risos e de lágrimas!...


&&&&&


E os que falam demais, tagarelam, inventam, reinventam, distribuem mentiras, fofocas, boatos e coisa e tal? Baltazar Gracián, após analisar caso a caso, disse com sabedoria que "devemos falar como nos testamentos: quanto menos palavras, menos questões", dando ensejo para que outro brilhante aforismo de Hugo Fóscolo completasse que "uma parte dos homens procede sem pensar e a outra pensa sem proceder".


ESPAÇO LIVRE


PARALELO


Encantado pela tua presença
o silêncio arrepia a madrugada
e o orvalho goteja de sedução
em uma aurora ávida de desejos
erguendo-se palpitante a lutar
num mundo de suplícios e
escuras emoções.

O teu prazer, a tua imagem
despertando pura inspiração.

E a lua e o sol iluminados
duelando na existência
entre um espaço e outro
de uma sublime fantasia.


Bené Chaves




sexta-feira, agosto 04, 2006


PALAVRAS QUE INQUIETAM (7)




· Embora o filósofo Epicuro (342 /270 - a.C.) tenha dito sabiamente que " a amizade é uma coisa doce, bela e sagrada, o único dom certo que possuímos neste mundo duvidoso" e sabendo alguns de nós que "o máximo que se pode atingir na vida não é o dinheiro, nem o poder, mas a honra, o amor, a certeza de ter vivido utilmente", sentença dita pelo escritor e pensador Schlesinger, como também poucos são conscientes da frase de Sófocles (496/405 - a.C.) de que "só o tempo pode revelar-nos um homem bom, o perverso pode ser conhecido apenas em um dia", vivemos, infelizmente, numa sociedade falsa, egoísta, corrupta e, sobretudo, hipócrita. É o preço que se paga pela diversidade e ambigüidade do mundo.


· Diziam os estudiosos de Voltaire (1694 /1778) - cujo verdadeiro nome era François Marie Arouet - que ele era uma pessoa paradoxal ao extremo. Foi preciso a parteira dá-lhe palmadas para que sobrevivesse. Os médicos não lhe deram mais do que quatro dias, mas ele enganou a todos e viveu oitenta e quatro anos. Desprezava a humanidade, embora gostasse dos homens. Ridicularizava o clero, porém dedicou um de seus livros ao Papa. Falaram também que odiava a hipocrisia, empenhando-se com o riso na tarefa de afligir seus mentores. Todavia, era um hipócrita na atitude com os judeus. Não acreditava em Deus, mas sempre procurou encontrá-Lo. No entanto, tinha um discernimento incomum em relação às instituições políticas e sociais de seu tempo. E numa profunda verdade sentenciava: "rio-me, para não enlouquecer".
E o que diremos nós, caro Voltaire, já tão calejados, hoje em dia, dessas malfadadas instituições? O jeito mesmo é rir, amargamente rir, senão enlouqueceremos todos.

ESPAÇO LIVRE


MUDANÇA


Quando te vi pensei
logo em querer-te
nesta minha incessante
cobiça para o belo.

E tu eras menina!

Quando te olhei
delineei teu corpo e
tive um desejo raro
de tê-la nos braços.

E tu eras ainda moça!

Senti uma lânguida
esperança nos caminhos
traçados em uma estrada
penosa e adversa.

E tu eras uma mulher!

Então chorei lágrimas secas
no acaso de ilusões perdidas
na gulodice de meu amor e
sentimento brotado do nada.

E tu eras já um desejo sofrido!


Bené Chaves