· Sobre a morte, esse fantasma que ronda nossas vidas e nos pega de surpresa, já comentava o célebre escritor argelino Albert Camus: "o que me espanta sempre, quando sempre estamos tão dispostos a sutilizar noutros assuntos, é a pobreza de nossas idéias acerca da morte". E acrescenta adiante que "terei de morrer, mas isso nada quer dizer, porquanto não chego a acreditar e só posso ter a experiência da morte dos outros". Todavia, diz ele, "... penso então: flores, sorrisos, desejos de mulheres, e compreendo que todo o meu horror de morrer está contido em meu ciúme de viver".
Apenas como ilustração: no belo filme O sétimo selo (1956), de Ingmar Bergman, o assunto é focalizado e na sua seqüência final mostra a sempre temível Morte carregando enfileirados todos os personagens da trama.
· Mas, vamos falar de vida... E sobre ela temos o depoimento realista do escritor americano Henry Miller, quando diz, entre outras coisas, que "a meu ver o mundo caminha para a ruína. Não é preciso muita inteligência para ir vivendo do jeito que as coisas andam. Na verdade, quanto menos inteligência se tem mais se progride", arrebatando depois que "eu queria encantar, mas não escravizar; queria uma vida mais ampla, mais rica, porém não à custa dos outros; eu queria libertar a imaginação de todos os homens..."
· E diante dos questionamentos da morte ou da vida, apelamos para o filósofo Confúcio, que viveu lá nos idos dos anos 531-478 a.C. Dizia ele, com a sabedoria que lhe foi peculiar: "como hei de compreender a morte, se ainda não compreendo a vida?".
· Mas, quanto aos caminhos e descaminhos obscuros de uma vivência com dignidade, o mesmo declarava: "se a humanidade fosse governada com justiça durante apenas um século, toda violência desapareceria da terra". Procurava compreender o ser humano, porém batia na tecla de que "não me preocupa muito que os homens não me entendam. O que me aflige é não os entender".
Vejam como naquele tempo as pessoas já eram estranhas e difíceis. Avaliem vocês se Confúcio vivesse no mundo atual com este elo forte de corrupção atiçando as falsas probidades humanas.
ESPAÇO LIVRE
EXTREMOS
Amando-te ou odiando-te
esqueço de nossa solidão
da infinita procura entre o
meu e o teu corpo.
E das estreitas diferenças
a invalidar o amor e o ódio
nesta fugaz inquietude do
nascer, viver e morrer.
Bené Chaves
por
benechaves às
20:42