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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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quarta-feira, janeiro 30, 2008



(Quadro de Tarsila do Amaral)


Aproveitando o carnaval deixo o texto abaixo, que já foi publicado aqui em novembro de 2004. Porém, o poema é inédito. Espero que tenham uma boa leitura.


CARNAVAL EM GUPIARA




Quando meu pai chegou a Gupiara já era quase época de carnaval. Então ele fez logo amizade nos seus arredores e junto com pessoas de sua idade organizaram um bloco para a festa que se aproximava. E fundaram um de nome esquisito: O Inferno das Cuias. Apesar do nome feio e estrambótico, o pequeno grupo queria se divertir pra valer. E realmente aproveitaram aqueles dias de uma festa profana, no dizer ainda de velhas carolas que viviam cuidando mais de assuntos não pertinentes às mesmas.


Acho que Painhô não tinha ainda conhecido minha mãe, porque depois me disse que se enrabichou por uma suposta donzela que era um verdadeiro antro do prazer. Dessas de você ficar babando e depois comer (a baba, claro) com os próprios lábios. Época difícil aquela, a idade era um martírio, meu pai ainda na agitação do espírito e querendo aproveitar o restinho de uma pós-adolescência. E a juventude, mesmo que um pouco tardia, seria adequada para a dita ocasião.


No lugar onde Painhô nasceu ele nunca brincara o carnaval, não existiam condições para isso. Ali, só havia uma seca brava, a enxada e a terra falavam melhor. E sua mãe, minha avó, portanto, exagerava nos cuidados de seus filhos. Sabia ela que eles eram jovens e queriam aproveitar a idade, principalmente Painhô, o mais velho de todos. E meu pai vivia dizendo que o tempo não espera por ninguém, é efêmero e tem lá as suas encrencas. Mas, o melhor era não decifrá-lo por enquanto. Quando chegasse na hora ele teria um compromisso com a verdade. Nua e crua.


A vivência faz o homem, a consciência depende do lado humano, sua criação, o modo de olhar o mundo e julgá-lo. A festa do começo do ano era a alegria do povo, porém, era, também, paradoxalmente, a sua tristeza. Um desalento endógeno. Seriam três ou quatro dias para desabafar incertezas, enganar-se nas desilusões. E depois viriam os resquícios das cinzas, apenas a desesperança que ficara para trás. Aquele mesmo borralho espalhado e absorvido pelo ser humano na continuidade de uma vida de valores inexistentes.


Mas, diante de si, Painhô olhou o entusiasmo na rua e não fez por menos, caiu no chafurdo com o bloco carnavalesco. Os outros na ilusão de noventa e seis horas, perdidos no meio da vida. Sumidos numa pseudo-alegria. O carnaval fora embora. Nada mais de confetes, serpentinas ou pierrôs. Ou mesmo o palhaço fazendo muganga. As máscaras caíram nos esgotos de uma existência não atingível.

ESPAÇO LIVRE





OCORRÊNCIA


Luzes, então, adormecidas
clareiam teus olhos na
virtude de amores vividos.

O da adolescência, a paixão ingênua.
Na maturidade, o furor súbito.
E o da velhice, um elo (in)consciente.

Nas sombras de nossas existências!

Bené Chaves

por benechaves às 16:15