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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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sábado, maio 27, 2006

No dia 01 de agosto de 2004 iniciamos aqui nossa página. E, ao mesmo tempo, uma autobiografia em forma de folhetim. Com espaços regulares, intercalados por contos ou artigos sobre filmes, fomos mantendo uma pequena, mas, paradoxalmente, extensa saga sobre a cidade de Gupiara, o foco da questão. Muitos não sabem onde fica tal cidade, acho inclusive que ela não existe mais. Deve ter se transformado assim como uma bela jovem de seus vinte anos se transforma em uma idosa de oitenta. São os sinais do tempo existentes no ser humano e também em lugares habitacionais, objetos e inúmeras outras particularidades.
Hoje chegamos ao fim desta autobiografia, que foi uma mesclagem entre o verdadeiro e o fictício. Muito acontecimento verídico pode ser confundido com o inverídico. Ou vice-versa. Mas, isso fica por conta dos amigos e das amigas que nos toleraram nestes quase dois anos do citado folhetim. O que foi inventado partiu, certamente, da nossa imaginação como uma ilustração para tornar a narrativa mais atraente. Sem inverdades, contudo, apesar de vivermos entre mentiras e verdades.
Desejo a todos, portanto, uma ótima leitura.



EPÍLOGO (final)

Diante de belas imagens a circundar também nos arrabaldes e elas cada vez mais brilhantes e imaginativas, a magistratura tornava-se ágil, soberana e seus titulares acolhiam decisões coletivas, fazendo a decepcionada justiça sobressair sem a incorreta coação de uma autoridade executiva e despótica. Os prepotentes e falsos mandatários eram julgados e presos em nome de uma jurisprudência. A mediocridade, enfim, deslocada para ceder lugar à razão. Painhô e Mainhô surgindo jovens e vigorosos, enquanto os outros filhos despontavam na mocidade. As crianças renascidas e as violências contidas. As filhas do meu casamento decerto ainda iriam nascer felizes e robustas. O amigo morto Valdeci apareceu não sei de onde e juntos ríamos do momento vivenciado. Os verdadeiros companheiros também se erguiam jovens e relutantes. E uma surpresa inexplicável naquele instante de puro prazer: a atriz Kim Novak, no auge de sua juventude, estava ali, bem pertinho de mim, mostrando seu belo e modelado rosto em um corpo escultural. Na minha ainda imaginação pude desconfiar que ela estivesse com uma vontade de beijar-me. Que tal beijo, portanto, viesse logo! A minha futura mulher também apareceu jovem e dócil e olhou-me com desdém, ensaiando um pequeno ciúme e unindo-se a mim naquele torvelinho repassado.

Foram áureos anos de felicidade que retornavam ao ponto mais íntimo de meu ser, assim como também os tempos no colégio, os padres sem as horríveis batinas compridas e pretas e conscientes de suas ações e lições às vezes (ou geralmente) oficialmente deturpadas. Exultei com a extinção da caretice e burrice de uma maneira geral, a instrução de todos como uma meta a se seguir. A hipocrisia e a falsidade cedendo lugar aos seus respectivos antônimos. Os gols que fiz nos célebres jogos colegiais e já anotados aqui. A volta das sessões inteligentes de cinema(ah, quanto me alegrou rever belos filmes que tinha perdido na memória). Os porres homéricos e quixotescos. A ligeira experiência com amigos na realização de um curta-metragem de oito milímetros que depois se perdeu no tempo e espaço. A transformação(pasmem!) dos políticos e homens públicos confessando os crimes de corrupção e sendo encarcerados para o bem de todos. Os mandatários maiores honrando as leis e doutrinas constitucionais. A fragilidade e conseqüente perda da força da grana. As prostitutas não mais profissionalizadas e reconhecidas como senhoras que vivem para um amor sem fronteiras. O período de minha infância e possíveis traquinices enjeitadas. E, claro, as meninas-moças de um período singular na minha vida. Lá estavam elas saindo como sereias vindas de um mar profundo. Ah, quão belas e meigas nos seus jeitinhos de quase mulher! Despontavam apetitosas como uma razão derradeira que nos levavam sempre ao amor entre os sexos opostos .

Enfim tudo mais que se acercou salutar, remoçado e justo. E, na nossa mortal e efêmera vida, os apetites e as paixões seriam imortalizados, rodeando o meu interior de um incontido e soberano devotamento. Todos se juntavam pela ordem de chegada e formavam um círculo de variadas cores e tonalidades. Todas as miudezas de um mundo de excrescências seriam eliminadas dali. A enorme circunferência, em um processo gradual, ia aumentando de proporções e agarrava-se em extensão ao antigo e imenso campo sem moradores. E daí eu fiquei espantado no meio da nova habitação e fui embebendo as etapas de minha vida.

Mas, puta-que-pariu!, puta-que-pariu! Abruptamente parece que acordara de um bonito e mágico pesadelo. Vi, então, com uma tristeza e quase chorando, que teria acontecido outra ilusão e decepção. Talvez a última de minha existência. Não resgataria mais o tal sonho? A magia desaparecera e eu continuava ali, olhando uma bonita lua que iluminava meus olhos. A lua de Gupiara. Era uma réstia de esperança a balançar um sombrio caminho. O marasmo e a realidade viventes tentavam se apossar de mim não fosse a presença soberba do satélite a invalidar outro desapontamento. Eram, portanto, neste instante, árvores secas que deixavam uma mancheia de folhas caírem em profusão a inundar o espaço perdido. Não vi mais nada, somente detive-me a olhar o indefinido trecho descampado. Aí gritei vocábulos desconexos, termos impublicáveis e alheios ao bom senso. E logo a seguir, num arroubo de inquietude e meio desesperado, sentenciei, balbuciando com amargura: assim a gente vai vivendo nesta vida morrendo.

Porém, entre uma ou outra indefinição, não sei se estava acordado ou se ainda desfrutava daquele momento onírico.



sábado, maio 20, 2006

EPÍLOGO (I)


Na esperança de ainda acreditar no ser humano, achava-me, ali, a relembrar todas as passagens de minha vida. Os poucos momentos sublimes e as muitas dificuldades que se sucederam e se sucediam. Já se sabia, mas volto a informar, que Gupiara tinha sido invadida também de um estrangeirismo que lhe era prejudicial. E a mediocridade de atitudes de tal natureza atentava contra os seus bons costumes. Além, claro, da sagaz vilania de mandatários calejados no vício da corrupção. E, como conseqüência natural, tornara-se uma metrópole indiferente, desestruturada, distante de uma meta social inerente à preceituada constituição. Portanto, o tão decantado, desencantado e ávido progresso a fizeram assim, daí sobrevindo a falta de uma melhor distribuição em todos os setores, inclusive e evidente, os essenciais para uma boa sobrevivência. Lógico que a maior população continuava miserável, se devendo a tal fato o favorecimento e má administração dos que seriam eleitos por um povo carente e sem aprendizado. Enquanto uma pequena parcela nada sofria (incluindo-se aí os políticos de uma maneira quase geral) e ambicionava cada vez mais, a classe intermediária servia apenas para cobrir os desmandos da opulência minoritária. Sei que sempre existiu - e como ainda existe! - um diminuto grupo doloso, corrompido, que dita normas sobrepondo-se àqueles habitantes sacrificados. Eram sinais de uma mudança prometida e nunca efetuada. Seriam os males remanescentes do ser (dito) humano?

E na varanda, olhando para uma bela lua que surgia sob os morros de Gupiara, debruçando-me em um acolhedor assento, vi também uma bela paisagem. Acho que já tinha adormecido, não sei bem... Mas, uma infinita pintura denunciando algo de inusitado e parecendo voltar no tempo e espaço se fez presente. Depois de um barulho que irrompeu nos arredores e que atingiu ouvidos distantes, vi-me na iminência de uma transformação, uma doce e feliz transformação. Surgi, então, na infância, correndo no chão frio de minha imaginação. Que belo tempo! Que adorável fase da ilusão e magia! Revi também a pré-adolescência e em primeiro lugar ergueu-se a primeira namorada, a Alba, lembram-se dela? Ah, aquele seu shortzinho de carnaval a despertar minha libido em exatos e inocentes quatorze anos! A gostosa morena que foi objeto de meus primeiros sentimentos. Depois todas as pessoas queridas foram se revelando junto de mim: o meu primo, que infelizmente foi embora tão cedo, o meu companheiro de andanças namoradeiras e que se encantou para o mistério, talvez o vazio. Que saudades! E apareceu junto com a Mirtô, a encantadora loira de seus sonhos e paixões. Não sei se a sua outrora namorada também se foi, ninguém nunca fica sabendo destas intempestividades da vida. Despontou logo em seguida outro amor de minha fase juvenil: a Gracita, nos seus ainda treze aninhos. Talvez tentasse vivenciar o despertar de uma futura e bonita mulher. Insinuou desculpar-se da intriga que fizeram quando terminou um namoro que poderia ter sido auspicioso. Aproveitou e mostrou os versos que trocamos na ocasião, versos briosos e inquietantes para nossa idade. Soninha surgiu alegre e feliz, tinha conseguido o seu intento, ou seja, a almejada melhoria do povo da cidade pra onde fora. E depois vislumbrei a Rosilda, ah, que bela jovem! Saía de dentro do mar e no majestoso e transparente maiô amarelo revelava as formas de um corpo quase nu.

Fui, portanto, recebendo-os e os agasalhando para o lugar onde eu estava, não sabia onde, parecendo um invulgar vilarejo diante de um mar profundo. E na quietude de uma noite de estrelas a formar gotículas no espaço, me sobressaltei diante de tantas imagens lindas.



sábado, maio 13, 2006

Na postagem do dia 29 passado eu coloquei aqui, extraída do conto Ímpares e Pares, a história com a numeração ímpar. Hoje faço o mesmo, mas, claro, com a numeração de números pares. Inclusive com um título, como também o fiz da vez anterior. E voltando a esclarecer que não deu para juntá-las como no original. Espero que tenham uma boa leitura.


DUPLA OBSESSÃO


A moça levantou-se e foi abrir a janela. Um dia claro iluminou a cama desarrumada. Abriu a boca e ergueu os braços como se fizesse exercícios. Olhou pra trás e lá estava o homem deitado, morto. Junto aos dois uma pequena faca ensangüentada. Pegou-a, então, e foi lavar na pia, o sangue já coagulado na sua extensão. Pela veneziana via os primeiros passos na avenida. "Como vou ajeitar tudo isso?", interrogou-se, os olhos disparados para um canto e outro. Um medo subiu-lhe à espinha. Trepou na cama, empurrou o homem pro chão, tirou o lençol e enrolou-o, fazendo do mesmo um pequeno pacote. Abriu uma mala e colocou a sujeira dentro, limpando resquícios no assoalho. Com um pedaço de algodão molhado embebeu o beiral da madeira, passando depois uma lã enxuta. Tudo foi jogado na peça retangular. Sim, levara-o para uma noite de amor. E feito o que desejara, não lhe interessaria o tal sujeito. Agora tinha nojo da tocha de sangue. Apossara-se enquanto diligente, acalorado.
Em outra ocasião, conseguiu, desta feita, um rapaz feioso. No quarto cochichou-lhe amorosa, dando-lhe apetite. A faca pendurada nos peitos. Desvencilhou-se das vestes e dormiu irrequieta: o corpo perfurado, um rio vermelho a correr o lastro da cama. Num instante cinco cutucadas, ai, ai, o que é isso, não, você vai... E o pescoço pendeu estendido, os olhos arregalados causando pavor. A frieza na suspirada cara. Não esmoreceu, levantou-se e a operação se repetia... Saiu refeita e vagarosa pelas escadas.
Um dia, porém, não levou muita sorte: desconfiaram. Entrou com outro parceiro e quando menos se descuidou, upa!, pra que esta faquinha aqui, vai cortar alguma carne?, a jovem mulher a empalidecer com as mãos geladas.
- O que foi, tá sentindo alguma coisa?
- Né nada não, um mal-estar, talvez a comida...
- Você ouviu falar nuns crimes por aí?
- Deix'isso pra lá, senta aqui...
Os dois em um diálogo tenso e ela parecendo doida-doida pra matá-lo, não vendo a hora e quase chegando ao desespero, sua gana adquirindo proporções. Aquilo já era uma tara! Ficou calada e apenas se remexeu, talvez ele se distraísse e ela tivesse êxito. Tirou o sutiã e começou a amassar-se, ele desviado nos homicídios. Sentiu uma mistura de medo e prazer da mulher ali, deitada e completamente nua. Parecia traquejada em suas diabruras. Levantou-se e puxou a faca pra sua cabeceira, enquanto a jovem cada vez mais o excitava. Vestiu a calça e a camisa, ficando diante de um belo corpo nu. A mesma a disfarçar-se o mais que podia, dizendo, como é cara, você não vem, vou ficar esperando, é? E tentou puxá-lo para si.
Pensou antes de tomar uma iniciativa e logo disse:
- Você tá presa, pode se vestir e me acompanhar.
- Por quê?, ela inquietando-se com sofreguidão.
- Sou detetive e a madame terá de ser interrogada.
- Que é isso, o senhor não pode me acusar assim...
- Suspeita, minha filha, suspeita. Vamos!
Pegou-a pelo braço e a arrastou pra fora, ela a olhá-lo com um ódio de uma maníaca qualquer, sabendo que gostava de ir pra cama com os homens e depois... Disse dissimulando que apenas queria fazer amor, mas engasgou-se, como se tivesse engolido a própria faca dos delitos. Saíram na direção da delegacia e numa ponte próxima a prostituta deu uma guinada e jogou-se no fundo do rio. Depois de um corre-corre desesperado o homem atravessou o lado da velha construção e abeirou-se: não viu nada. A mulher desaparecera. Ele, então, se frustrou.
Dias depois pequenos pedaços de um corpo foram encontrados por moleques que brincavam nos rochedos.



sábado, maio 06, 2006

VERDADES E MENTIRAS


Coitado de mim! Fiz o que pude para soerguer e modificar costumes, mas vi depois que fora ineficaz. Tudo está aliciado e na insensata selvageria. Meus tempos de infância se foram, como também os da adolescência. E não consegui o intento para o fluir de uma vida melhor para todos. Não sei de nada, acho que pouca gente tem a razão como meta de uma existência. Tudo parece se transformar em um mundo caótico. Nunca vi tanta besteira junta, a mediocridade avançando em alto estilo e compostura. O bom senso passado para o limbo. E, talvez, em conseqüência, se tenham chegado ao desastroso ponto, incerteza e carência que se alastram indefinidamente ao nosso redor. Não sou o dono da verdade, nem também da mentira. Tentei o possível para que as pessoas se amoldassem no estritamente razoável. Nada de exterioridades, ilusões ou magias. A cidade de Gupiara, a nossa antes querida, cantada e decantada Gupiara não ficou atrás. E outras e mais outras... Milhares de indefesas povoações. Todas foram (e estão), com já observei, em sucessão ininterrupta, invadidas de homens (ditos) públicos e suas disfarçadas roubalheiras. Mesmo eu sabendo que a vida tem uma única vilã que é a própria morte. Daí cessando-se tudo, malgrado as tentativas opostas.

Algumas pessoas, infelizmente, parecem ter medidas reguladoras ao extremo e nada fazem para modernizar atitudes arcaicas e subservientes. As metas delas são aquelas e ponto final, danem-se os contrários. Muitas chegam ao ridículo de babar o interlocutor apenas para manter ou transpor seus cobiçados desejos. Procedimentos caracterizados como detestáveis e não embebidos em uma mente sã. Posturas cafajestadas. E, então, são tais indivíduos que conseguem algo a mais porque sabem lidar com a esperteza. É errado que se enganem um longo período, mas também é certo que não consigam burlar anos incontáveis. Podem ser somente pessoas inexperientes, ávidas de um início promissor. E a ludibriosa e festeira bravata acaba um dia, as farsas se despem para desespero de seus autores.
Sei que temos uma célula-mãe exemplar inerente e aderente à nossa genética, como de sua elevada unidade morfológica e fisiológica. E daí a formação de um ser eminentemente com sinais saudáveis que tivesse uma visão ímpar ou quase de todos os problemas. Há de se convir que uma pequena minoria tenha nascido com estas peculiaridades. Exageradas ou não, mas condizentes com o relato exposto. Acho, contudo, que ninguém sabe de nada, a existência é um mistério sem começo e fim.

Diante disso, só me resta sonhar. Sonhar com uma Gupiara procurando enaltecer as belas conquistas de uma outrora vivência. Sonhar com um povo lutando pela emancipação. Uma população carente, sem instrução e honesta até quando podia. Sonhar pela não aflição e tampouco o sabor amargo do existir. Ou do não viver. Sonhar na necessidade de uma multidão corajosa e ansiosa a lutar contra os tiranos da sabedoria e justiça. Procurar aprender e apreender na raça. A educação como base fundamental dos anseios, conhecimentos e lucros. Era a fé (ainda) de Gupiara e inúmeras cidades, teria de ser a nossa expectativa. A esperança de todos nós. Uma esperança sem demagogia e traição.

Porém, estava ali a sonhar... Um sonho que poderia se tornar numa verdade. Ou apenas em uma mentira.

ESPAÇO LIVRE

No dia 26 passado o nosso amigo Eduardo Gosson realizou o seu 'sarau poético' e homenageou o escritor Sílvio Caldas, que não é o cantor e sim um natalense por adoção. Vejam, portanto, um dos poemas que pesquei do evento:

QUANDO EU MORRER...


Quando eu morrer,
dividam-me o coração em cinco partes,
um para cada filho.
Quanto à minh'alma
Deus se apiede;
Quanto aos bens materiais,
dividam-nos como achar melhor;
quanto ao meu crédito,
vide acima;
quanto ao meu débito,
quem me herdou que o pague;
quanto ao caderno de poesias,
por favor, joguem no lixo;
e tudo o mais que me sobreviver,
podem doar;
os rins, os ossos, os olhos, tudo;
porém, quanto ao meu sexo,
remetam-no inteirinho pra Teresa,
ninguém melhor do que ela pra cuidar...