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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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sábado, maio 20, 2006

EPÍLOGO (I)


Na esperança de ainda acreditar no ser humano, achava-me, ali, a relembrar todas as passagens de minha vida. Os poucos momentos sublimes e as muitas dificuldades que se sucederam e se sucediam. Já se sabia, mas volto a informar, que Gupiara tinha sido invadida também de um estrangeirismo que lhe era prejudicial. E a mediocridade de atitudes de tal natureza atentava contra os seus bons costumes. Além, claro, da sagaz vilania de mandatários calejados no vício da corrupção. E, como conseqüência natural, tornara-se uma metrópole indiferente, desestruturada, distante de uma meta social inerente à preceituada constituição. Portanto, o tão decantado, desencantado e ávido progresso a fizeram assim, daí sobrevindo a falta de uma melhor distribuição em todos os setores, inclusive e evidente, os essenciais para uma boa sobrevivência. Lógico que a maior população continuava miserável, se devendo a tal fato o favorecimento e má administração dos que seriam eleitos por um povo carente e sem aprendizado. Enquanto uma pequena parcela nada sofria (incluindo-se aí os políticos de uma maneira quase geral) e ambicionava cada vez mais, a classe intermediária servia apenas para cobrir os desmandos da opulência minoritária. Sei que sempre existiu - e como ainda existe! - um diminuto grupo doloso, corrompido, que dita normas sobrepondo-se àqueles habitantes sacrificados. Eram sinais de uma mudança prometida e nunca efetuada. Seriam os males remanescentes do ser (dito) humano?

E na varanda, olhando para uma bela lua que surgia sob os morros de Gupiara, debruçando-me em um acolhedor assento, vi também uma bela paisagem. Acho que já tinha adormecido, não sei bem... Mas, uma infinita pintura denunciando algo de inusitado e parecendo voltar no tempo e espaço se fez presente. Depois de um barulho que irrompeu nos arredores e que atingiu ouvidos distantes, vi-me na iminência de uma transformação, uma doce e feliz transformação. Surgi, então, na infância, correndo no chão frio de minha imaginação. Que belo tempo! Que adorável fase da ilusão e magia! Revi também a pré-adolescência e em primeiro lugar ergueu-se a primeira namorada, a Alba, lembram-se dela? Ah, aquele seu shortzinho de carnaval a despertar minha libido em exatos e inocentes quatorze anos! A gostosa morena que foi objeto de meus primeiros sentimentos. Depois todas as pessoas queridas foram se revelando junto de mim: o meu primo, que infelizmente foi embora tão cedo, o meu companheiro de andanças namoradeiras e que se encantou para o mistério, talvez o vazio. Que saudades! E apareceu junto com a Mirtô, a encantadora loira de seus sonhos e paixões. Não sei se a sua outrora namorada também se foi, ninguém nunca fica sabendo destas intempestividades da vida. Despontou logo em seguida outro amor de minha fase juvenil: a Gracita, nos seus ainda treze aninhos. Talvez tentasse vivenciar o despertar de uma futura e bonita mulher. Insinuou desculpar-se da intriga que fizeram quando terminou um namoro que poderia ter sido auspicioso. Aproveitou e mostrou os versos que trocamos na ocasião, versos briosos e inquietantes para nossa idade. Soninha surgiu alegre e feliz, tinha conseguido o seu intento, ou seja, a almejada melhoria do povo da cidade pra onde fora. E depois vislumbrei a Rosilda, ah, que bela jovem! Saía de dentro do mar e no majestoso e transparente maiô amarelo revelava as formas de um corpo quase nu.

Fui, portanto, recebendo-os e os agasalhando para o lugar onde eu estava, não sabia onde, parecendo um invulgar vilarejo diante de um mar profundo. E na quietude de uma noite de estrelas a formar gotículas no espaço, me sobressaltei diante de tantas imagens lindas.

por benechaves às 15:54