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benechaves às
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O POEMA DE PAINHÔ ![]() Então começou, minha mãe com os ouvidos atentos aos seus ditames: Amo o fulgor das loiras madrugadas Ou o reflorir da aurora rossicler Amo o viço estuante da floresta E a sedução de um riso de mulher Amo o fragor da luta audaz e forte Que dá glória na vida ao humano ser Mas repilo o perjúrio / fingimento Porque amo somente a quem me quer. Amo a saudade imensa do sertão Quando o inverno faz tudo renascer Relembro a dor daqueles que partiram E à terra mãe jamais hão de rever Amo o sofrer da noiva desterrada Que deixa o coração com o bem quer Mas repilo o perjúrio / fingimento Porque amo somente a quem me quer. Amo do amor as sensações ardentes Que em vibrações nos fazem estremecer Tornando os corações todos frementes Na ânsia incoercível do prazer Amo a beleza da afeição sincera Que nos protege e ampara no sofrer Mas repilo o perjúrio / fingimento Porque amo somente a quem me quer. Amo a Ciência, amo a Filosofia Focos de luz do mundo do saber Formas divinas de estender ao homem O que Deus reservou do Seu poder Amo a harmonia cósmica dos Mundos E os sentimentos místicos profundos Que as relações com Deus dão a entender Amo a carícia lírica do vento Mas repilo o perjúrio / fingimento Porque amo somente a quem me quer. Acho que Mainhô ficou mais cuidadosa nas duas últimas estrofes, esperando, claro, retribuir, sem falsidade, o amor de seu marido. E depois que todos ficaram atentos, inclusive a bonita lua que já estava quase encostada no telhado da casa, parece ter havido um avivamento geral também das estrelas que clarearam o firmamento de um azul celeste. Tia Chica, de tão admirada que ficou, quase deixava queimar a janta daquela noite. Bené Chaves
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