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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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terça-feira, dezembro 16, 2008

O DESTINO DE SONINHA
Como a maioria dos habitantes de Gupiara não tinha consciência da gravidade dos problemas que enfrentava, Soninha, minha namorada, tentava guiar com destreza e sabedoria tal deficiência. Enquanto as pessoas se acomodavam diante do executável, isto é, preferiam seguir orientações e regras impostas de maneira ordeira e pacífica, ela procurava e batalhava para que todas tivessem conhecimento da situação precária em que viviam. Soninha era incansável no combate também ao analfabetismo, pois sabia que o mesmo facilitava, deste modo, a posse da parte de terceiros que seriam os beneficiados da presente situação.

E as atitudes convenientes em nada seriam adequadas para os habitantes, porquanto influíam decididamente nas suas já alquebradas opiniões, se ainda as tivessem. Era um povo rude, sem instrução, sem nada. Nas cercanias da cidade as favelas se alastravam devido ao descaso de governos desastrosos. O povo não tinha chance, parecia não ter porvir. Mas como Soninha tinha certeza das incertezas, restava-lhe pouco para certar. Então tudo se tornava difícil.
Não sei se por alguma razão ou outra, que desconheça, mas o fato é que minha garota, infelizmente, resolveu acabar nosso namoro. Sem nenhum motivo, assim, de supetão, pronto. As mulheres e seus enigmas... Alegou que ia embora, deixando, pensei, um vazio no futuro e esperança de quase todos, inclusive também no meu. Independente e determinada, como já falei, arrumou a trouxa e seguiu destino ignorado. Desencantou-se e depois encantou-se. Ilusão minha, tristeza sua, pluralizadas. Não deixou um só endereço, nem nunca escreveu, irritou-se talvez dos dissabores acumulados. Foi mais uma vítima dos contrários. E quantas vítimas desta natureza não se iriam ainda depreciar!

De qualquer modo, fixou um trabalho começado no âmbito social e acho que deve ter ido prolongá-lo noutra instância. Espero que a mesma tenha se dado muito bem no lugar escolhido, livre de obstáculos que a impeçam seu trânsito aberto e sua organização conhecida e aplaudida. Adeus minha sagaz Soninha, em qual cidade você esteja, Gupiara sempre lembrará dos momentos felizes que passamos. E que sua meta preceituada ainda dê os frutos que você tanto almejou e almeja. Até não sei quando...
Depois da dura fase que passei em mais um período delineado, vejo-me, aparentemente, com perspectivas abaladas e sabendo que teria de suportar muitas angústias e raras alegrias, visto que ainda estava no começo (ou quase) das ocorrências de uma vida de decorrências. Não seria nada fácil enfrentar uma já, suponho, prevista e difícil existência. Que o digam todos os que estão à beira de tudo, pela totalidade do que passaram e repassaram aos seus descendentes. Ufa!, não estava sendo mole tal empreitada.

E, então, indagava para mim: teria de suportar a intolerabilidade e durabilidade de um nascimento? Todos teriam a mesma probabilidade? Soninha se foi para não sei onde e eu ficava mais uma vez sozinho a andar sem destino melancólicas horas e meditar sobre as conseqüências ou não de um mundo ignóbil, um mundo hostil que não estava querendo facilitar uma das trajetórias que pretendia seguir.
ESPAÇO LIVRE

SOBRE A CRIAÇÃO...


Muitos acreditam na existência de um ser superior, enquanto outros poucos ficam indiferentes ou ignoram, assim como também existem os agnósticos e os totalmente ateus. Mas, o certo (ou não?) é que foi criado um mito pelo medo do próprio Homem. E a essa criação deram o nome de Deus, que se supõe ser uma divindade suprema para amainar o seu desespero ou sofrimento. Avaliem, então, se não existisse tal deificação, como não seria esse mundo, hein? Diria até que foi providencial e necessária para os que pretendem vivê-lo. E a presença, então, dessa divinização, se fez evidente. Afinal, já dizia Kierkegaard que "Deus é uma exigência do desespero, um postulado do existente".

por benechaves às 20:32