Mas, nós estávamos querendo aproveitar um momento (e que belo momento o da juventude!) de nossas iniciais existências. Infelizmente ele foi abalroado sem chance de uma preliminar contestação. Arre! Culpa minha? Dela? Não, acho que foi um delito do destino, se assim posso dizer.
(Soube tempos depois que Gracita aparentava belas feições, conforme tinha previsto na imaginação. Casara, tivera filhos e seguira evidentemente sua sorte ou azar. Atualmente de nenhuma notícia sabia, talvez já estivesse no curso declinável da vida).
Seriam as reviravoltas e retomadas ou não de uma época obsoleta e perdida. Por conseguinte, nada pude fazer para abafar os tristonhos acontecimentos e tudo despencou eficaz como o autor ou autora da trapaça desejou que fosse. Venceram a espinhosa batalha.
E atravessando anos seguintes pela rua que Gracita morara observei mostrengos sendo erguidos, prédios gigantescos que transformavam e esfumaçavam a nova cidade. Tudo ia se perdendo de encontro ao porvir, inclusive uma imensa avenida tomou conta do outrora e estreito lugar, talvez até fazendo com que minha segunda ex-namorada sumisse entre as coisas bonitas que fizeram parte do trecho antes percorrido com amor e carinho. Enfim, desvaneceu-se outra ilusão e mais uma decepção.
Desci suas vestes e a vi ligeiramente nua, seu corpo moreno a tremer de medo e inquietação. Uma visão que me sacudiu, apesar da penumbra do local, ainda mais ao ângulo que me destinava. Foi um curto momento de prazer em que cheguei a boliná-la num frêmito de quase um orgasmo.
Saíamos depois desconfiados como se tivéssemos cometido algum ato vergonhoso. Para a época era um verdadeiro escândalo você tentar algo dessa natureza. E ela depois afastou-se encobrindo seu suave rosto e eu a me ajeitar rapidamente com receio de que algum vulto aparecesse nas sombras daquele passado.
por
benechaves às
20:55