perfil
Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
Sonhadores

Você é nosso visitante de número


Obrigado pela visita!

links

a filha de maria nowacki
agreste
arabella
ariane
balaiovermelho
blog da tuca
clareando idéias
colcha de retalhos
dora
entre nós e laços
faca de fogo
janelas abertas
lá vou eu
letras e tempestades
litera
loba, corpus et anima
maria
mudança de ventos
notícias da terrinha
o centenário
pensamentos de laura
ponto gê
pra você que gosta de poesia
proseando com mariza
rua ramalhete
sensível diferença
su
tábua de marés
umbigo do sonho
voando pelo céu da boca

zumbi escutando blues

sonhos passados
agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008
créditos

imagem: Walker
template by mariza lourenço

Powered by MiDNET
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

 

 

 



terça-feira, setembro 30, 2008

'Juventude', de Pablo Picasso

DÉCIMOS TERCEIROS ALUMBRAMENTOS


O rapazelho estava cedendo lugar a um rapazola, com as devidas proporções e determinações. Crescia na idade e tudo o mais. E olhando meu corpo, já sentia os primeiros sinais pubescentes formando também uma espécie de triângulo ao redor do pênis. Seriam os naturais e ditos pentelhos, vocábulo atualmente desusado para a finalidade proposta e abusado em outras denominações. O próprio órgão sexual aparecia ereto a qualquer pequeno estímulo, com os pêlos nascendo vaidosos no corpo inteiro.

Era, portanto, a minha fase inicial, a inicial fase de nossa transição, quando você não podia tomar um banho que necessariamente ou quase teria de se masturbar. E sempre com uma revistinha ao lado, embora a mesma fosse ainda tímida quanto a fotos estimulantes e desnudas. Ou, então, com o pensamento voltado para alguma menina-moça que lhe viesse refrescar a mente ou similar. As garotas também já em crescimento e, portanto, revelando o aspecto apreciável de seus corpos em ininterruptas formações. O que nos deixava ainda mais excitados.

Depois me separei um pouco daqueles atos e brincadeiras juvenis, resolvendo ficar um período sozinho. Meu primo continuou seu namoro e afastou-se de mim certo tempo. Ele teve talvez mais sorte do que eu, pois Mirtô (ah, que bela loira! Quando penso naquele tempo, vejo os acontecimentos repassados e vivenciados como se fossem atualmente, com Alba também a desfilar ante meus olhos com a sua ingenuidade do período) parecia encantada com sua pessoa, já que era fino no trato e na imprudência.
Sorte dele, azar o meu, quando ouvia dizer que era já um rapaz com uma lábia capaz de conquistar boa parte das menininhas que circulavam entre nós. Mas tinha a Mirtô como uma namorada, digamos assim, oficial. E penso que a mesma tava era doida por um agasalho de orelha. Podia ser que dali, diziam as línguas tagarelas, surgisse um futuro casamento, já que meu primo era totalmente imprevisível. Porém eu não acreditava, visto suas estripulias praticáveis, ou seja, de rapaz namorador.

Eram as moldações do tempo se inserindo nos caminhos traçados e apanhados. As hesitações de uma época de exaltação fervilhando dentro da gente. Acabara, sim, meu namoro com Alba, mas não sabia o que teria dito a mesma sobre minhas intenções. Talvez, quem sabe, alguma coação de seus pais a fez tomar tal decisão. E não podia culpá-la, lógico, de sua atitude.
A nossa juventude não teria uma responsabilidade maior e dedicada a uma relação duradoura. Evidente que o desgaste chegaria com o tempo, como efetivamente chegou, pois não tinha condições e tampouco decisões no instante presente para assumi-la com seriedade. Iria continuar meu itinerário (sem saber, contudo, o que viria pela frente) e ela deveria seguir seu destino... Passei e repassei.

ESPAÇO LIVRE

INVERSÃO

Na tristeza
o prazer.

Na alegria
a dor.

E no amor
o ódio.



Bené Chaves

por benechaves às 21:50