Seria, quem sabe, algum desgaste pós-puberdade? Não sabia a intenção dela, mas intuía uma verdade próxima. Notei, portanto, que minha jovem amada começava a ficar diferente e indiferente. Sinal dos tempos ou apatia própria da idade, não tinha a mínima idéia. Somente Alba, claro, deveria e saberia falar o princípio certo sobre o inesperado enigma. Talvez um desejo de mudança no seu itinerário rotineiro e amoroso.
Alba fez parte de um pouco da minha puberdade, como sabia que a recíproca era também verdadeira. Meu corpo se juntou ao dela (que delicioso o momento daquela junção!), mesmo que tivesse sido apenas em sonho. E foi de uma gostosura sem precedentes, sabendo-se, lógico e paradoxalmente, não ter existido de verdade. Embora algumas imagens fictícias possam se transformar em exatidões perfeitamente realizáveis.
Talvez uma dor passável, imatura, ainda principiante, mas, sobretudo, uma mágoa quase irremediável de uma recordação afetuosa. E um suporte triste das relembranças de grandes amizades ou afeições perdidas. Enfim, a primeira porrada no início de uma era e sua palpitante extravagância compassiva. Apre!

E o tempo passou...
Não mais aquela moça
sorrindo na bonita janela
com os seios à mostra.
Não mais minha infância
de arroubos no período.
Não mais... Não mais...
Esse tempo findou...
A adolescência se foi e
a janela fechou-se sem razão.
A menina sublimou sua ausência.
Eu envelheci, você também...
E a donzela sumiu no rastro da
transição de uma vida.
Sua sensatez a sombrear-lhe
na desesperança de amores fugazes.
E eu à espera de um tempo que
corrói nossas inquietas solicitudes.
Bené Chaves
por
benechaves às
20:04