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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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terça-feira, junho 03, 2008

<
O texto abaixo foi publicado aqui no mês de novembro de 2004 e causou uma certa polêmica. Com pequenos acréscimos e mudança do título, transcrevo-o novamente para aqueles que não o leram. Ou, então, uma releitura para os demais.


O HÁBITAT DE TODOS NÓS

A vida começara a realçar, a separar e a tilintar diante de pedras, grutas, tascos e uma infinidade de objetos surgidos no chão da terra seca e braba, sol rasante e lua delirante. Aquilo sim é que era estupidez, molestamento! No mais, tudo enfim ficou e fixou, dito e entredito, conforme as resignações, inquietudes e instâncias da ocasião. E com o que era de se supor. E depois, pouco tempo depois, vieram as desgraças sem graças e o que de pior poderia ou deveria acontecer. Uma vastidão e devassidão tomaram conta do espaço ocupado. E as pessoas ficaram a rodear sobre si mesmas sem saberem de onde vieram e nem pra onde iam.


Raças apareceram, classes se formaram e línguas se difundiram, desenvolvendo-se uma promiscuidade incomum, com tanto homem e mulher a fornicar. Poderia até causar impressão de ser uma brincadeira prazerosa. Enfim, uma plêiade de necessidades e necedades foi surgindo e adquirindo volumes diversos.


À falta de uma boa temperatura, todas as coisas explodiram de insciência e impulsividade. A terra tinha brotado e se dividido. E o homem, a mulher e a criança, todos postos ali sem um propósito, estavam abobalhados, boquiabertos. Teriam nascidos e colocados assim, sem mais nem menos? Somente para tornar duradoura uma espécie? Que espécie seria essa?


Desde tempos idos e vindos que batucavam nesta tecla. E queriam saber a razão daquilo tudo, do caso inusitado. Seria a antítese dos sexos a grande delinqüente, a verdadeira vilã? Ou a verdadeira razão? À vista disso... Vilã ou razão, ah, quanta imprudência, desvirtuamento e impudência!


Tudo se relaciona mesmo com a dita rivalidade entre o homem e a mulher. E se não fosse a diferença entre eles, quer dizer, os sexos opostos, lógico, não se estaria aqui. A necessidade que o macho tem de querer uma fêmea antes passa pelo desejo carnal, seja ela bonita ou feia. E na época das cavernas, do indivíduo no seu estado primitivo, nem se fala... Bastava ser (aparentemente) do sexo contrário. Ou falando, melhor dizendo, escrevendo grosseiramente: andar com uma lasca entre as pernas.


Portanto, o prazer que os seres masculinos e femininos sentem um pelo outro é enraivado, arraigado, embora na atualidade (com menos inibição) já existam diversidades à margem. E daí vem a extrema carência do desejo, a irascibilidade latente. Essa bagaceira do prazer e ruidosa vontade do inolvidável. (Parece-me que o amor - na maioria dos casos - fica aí em segundo plano, principalmente porque se sabe que entre ele e o ódio existe quase uma questão de interesses próprios e egoísticos. Ama-se hoje e amanhã odeia-se. Ou tudo não passa de uma contenda de horas.).


Disseram que dali em diante o homem sobreveio afogueado, senhoreou-se de vez, tido e havido. Tendo o trunfo maior, que é o órgão penetrador, deu valimento e lenhada de lado a lado. Lés a lés. Houve, a partir daí, chamuscadura entre os opositores. E o amar e o odiar passaram a viver colados um ao outro. Assim como a idiossincrasia reproduz a imagem do ser que se diz humano.
O tempo, então, voou com explodida rapidez...




ESPAÇO LIVRE

ATO FINAL II


Tudo cessou!

As cenas da vida
abaixam o pano
e adormecem.

E fica somente o vazio
no palco das ilusões.

A platéia a gargalhar muda
a comédia do não ser.

Na pantomima existencial.


Bené Chaves

por benechaves às 21:00