VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (29) 
Foto de Pascal Renoux
De Herivelto Martins e Roberto Roberti:
Ai, ai, ai, Izaura
Hoje eu não posso ficar
Se eu cair nos seus braços
Não há despertador
Que me faça acordar
Eu vou trabalhar
O trabalho é um dever
Todos devem respeitar
Oh! Izaura me desculpe
No domingo eu vou voltar
Seu carinho é muito bom
Ninguém pode contestar
Se você quiser eu fico
Mas vai me prejudicar
Eu vou trabalhar
Obs: Versos da música 'Izaura'(1945), dos compositores acima citados.
Roberto Roberti, compositor, estreou em 1935 com o samba 'Queixas de Colombina', gravado por Carmen Miranda e a marcha 'Foi numa noite assim'. E no ano de 1938 lançou para o carnaval 'Abre a janela', que o Orlando Silva gravou.
Em outubro do mesmo ano deu o primeiro passo - juntamente com outros autores - para a formação da Associação Brasileira de Compositores e Autores. E concretizaram sua fundação em 1942.
Sua produção tornou-se menos regular a partir de 1945, depois do sucesso da composição aqui destacada. Mas, entre uma ocasionalidade e outra, incluem-se 'Pra que saber', gravado pela Ângela Maria e o samba 'Sistema Nervoso', com Orlando Correia.
'Izaura' foi gravado na época pelo Francisco Alves e recebeu o prêmio da prefeitura. Destacou-se como um dos maiores sucessos do carnaval daquele ano.
Roberto Roberti nasceu no Rio de Janeiro no dia 9 de agosto de 1915 e morreu com 89 anos em 16 de agosto de 2004.
Sobre o Herivelto Martins, vide pequena biografia nos arquivos publicada aqui em 8 de novembro passado.
Destaco alguns versos de 'Abre a Janela'(1938), que o Roberti fez em parceria com o Arlindo Marques Jr.(1913/68):
Abre a janela/ Formosa mulher
E vem dizer adeus a quem te adora
Apesar de te amar/ Como sempre amei
Na hora da orgia em vou embora.
ESPAÇO LIVRE
TÉDIO
Inebriando-me sempre de ti
permaneço sóbrio de ilusões.
De tuas cálidas, alcoolizadas
e ambíguas paixões.
E num gesto de temor
bebo o que me restou:
um corpo em transpiração.
A febre diluída do amor!
Bené Chaves