VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (26)
De Assis Valente:
Mostrar seu valor
Eu fui à Penha
E pedi à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém,
Eu quero ver o Tio Sam
Tocar pandeiro para o mundo sambar
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô e Iaiá
Que nós queremos sambar
Obs: Versos da música 'Brasil Pandeiro' (1941), do autor acima citado. Este samba o Assis Valente compôs para a Carmen Miranda, após seu período inicial nos Estados Unidos. E como a Carmen não gostou da composição, a mesma acabou sendo lançada pelo 'Anjos do Inferno'. Sendo uma espécie de samba-exaltação, foi o preferido pelos maiores conjuntos vocais de seu tempo.
José de Assis Valente era, já aos 10 anos, um admirador de poetas como Castro Alves e Guerra Junqueiro. E sua paixão pela 'pequena notável' chegou até ao extremo do mesmo tentar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora. (O que não faz uma paixão, hein?). Compôs, então, outras canções e dedicou à sua amada. Mas - como teve uma vida bastante agitada - desesperado com as dívidas( e acho que também com as dúvidas), tentou o suicídio algumas vezes.
Enfim, senta-se num banco de rua e ingere uma quantidade suficiente de um produto químico para matar formigas. Deixa um bilhete à polícia tendo antes telefonado para dois amigos comunicando-lhes a decisão. Pede também para o Ari Barroso pagar dois aluguéis que estavam atrasados.
No bilhete, o ultimato: 'Vou parar de escrever, pois estou chorando de saudade de todos e de tudo'.
Assis Valente nasceu no dia 19 de março de 1911 em Santo Amaro, na Bahia. E faleceu no Rio de Janeiro em 6 de março de 1958. Suas composições traziam, sobretudo, um conteúdo poético. É o caso de 'Boas Festas':
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem.
ESPAÇO LIVRE

Entre os limites da existência
a tua infância querida
os bons anos adolescentes
e a maturidade aferida.
Na velhice os efeitos e sinais de
uma vivência de (in)glórias
ocasos e épocas que se foram
na sombra de um breve passado.
E no pranto ou prazer do encanto
o desencanto de uma ilusão.
A minha, perdida no temor.
A tua, um acaso de incertezas.
Bené Chaves
por
benechaves às
20:53