

VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM(23)
De Aldo Cabral e Cícero Nunes:
Quando o carteiro chegou
E o meu nome gritou
Com uma carta na mão
Ante surpresa tão rude
Nem sei como pude chegar ao portão
Lendo o envelope bonito
No seu sobrescrito eu reconheci
A mesma caligrafia
Que me disse um dia
Estou farto de ti
Porém não tive a coragem
De abrir a mensagem
Porque na incerteza
Eu meditava e dizia
Será de alegria
Ou será de tristeza
Quanta verdade tristonha
A mentira risonha
Que uma carta nos traz
E assim pensando rasguei
Tua carta e queimei
Para não sofrer mais
O parceiro Cícero Nunes Cordeiro era também instrumentista. Aos 14 anos conseguiu um emprego para ajudar sua família, sendo operário em várias fábricas. Fez amizade, então, com um dos rapazes que tocava violão e começou a aprender e também a apreender. E compôs, a partir de 1937, principalmente sambas-choro, onde obteve o desejado sucesso. Aderiu ao samba-canção em 1944 e conseguiu melhores êxitos com 'Aquela Mulher', lançado por Nelson Gonçalves, 'Apogeu'(com Herivelto Martins), gravado em 1945 pelo Francisco Alves e o samba em questão.
Cícero Nunes nasceu no Rio de Janeiro em 6 de abril de 1912(mesmo ano do parceiro) e faleceu no dia 3 de fevereiro(mesmo dia e mês também do companheiro musical). Interessante estas coincidências de datas, talvez revelando uma afinidade maior entre os dois compositores.
ESPAÇO LIVRE

DISPUTA
Na sensatez de teus atos
a insensatez dos meus.
Na agitação de meu olhar
a quietude dos teus.
E entre contatos opostos
o existir como ritual de
amores e desamores.
Em um turbilhão de laços
de uma esperança ambígua.
Bené Chaves
(Tela do pintor inglês William Blake -1757/1827)
por
benechaves às
11:23