
De Custódio Mesquita e Sadi Cabral:
Naquele bairro afastado
Onde em crianças vivias
A remoer melodias
De uma ternura sem par
Passava todas as tardes
Um realejo risonho
Passava como num sonho
Um realejo a cantar.
*
Depois, tu partiste
Ficou triste a rua deserta
Na tarde fria e calma
Ouço ainda o realejo a tocar
Ficou a saudade
Comigo a morar
Tu cantas alegre e o realejo
Parece que chora com pena de ti!
Obs: Versos da valsa 'Velho realejo'(1940), música gravada inicialmente pelo Sílvio Caldas e depois por Orlando Silva. Custódio Mesquita de Pinheiro era também ator de cinema(atuou em diversos filmes nos anos 30 e 40) e regente, nascido no Rio de Janeiro em 25 de abril de 1910. Homem típico de rádio teve ainda como sucessos 'Saia do meu caminho', 'Nada além', com Mario Lago e 'Se a lua contasse'. Morreu com apenas 35 anos no dia 13 de março de 1945.
Seu parceiro, o Sadi Souza Leite Cabral, era um letrista brilhante e de renome. Foi ator de cinema e também de teatro. Nasceu em 10 de setembro de 1906 em Maceió (AL) e faleceu no dia 23 de novembro de 1986 na cidade de São Paulo.
O poema abaixo faz parte do livro 'Cinzas ao amanhecer'(Sebo Vermelho, 2003) e já foi publicado aqui em 2004. Espero que tenham uma boa leitura.

AUSÊNCIA
Sei que vou sentir falta
daquela menina na janela
da moça inibida na calçada
de uma mulher carinhosa
vestida nua e gostosa.
Também sentirei saudades
dos velhos companheiros
de estar com a meretriz
do olhar amargo e infeliz.
Sobretudo de entes queridos
do cinema de antigamente
sério inventivo e potente.
Mas, não sentirei falta
de hipocrisias deslavadas
a sociedade velha /corrupta
das pessoas enlameadas.
No dueto de sentimentos
estarei fora do páreo.
Bené Chaves
( Foto ao lado de Nuno Belo, in 1000imagem )
por
benechaves às
10:51