
(Este selo foi uma indicação da Luara, do blogue www.luar-luara.blogspot.com).

VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (16)
De Newton Teixeira e Jorge Faraj:
A Deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol num dourado sonho
Vai claridade buscar.
*
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz.
*
Infeliz na minha mágoa
Meus olhos são poços d'água
Sonhando com seu olhar
Ela é tão rica e eu tão pobre
Eu sou plebeu e ela é nobre
Não vale a pena sonhar.
Obs: Alguns versos de 'A Deusa da minha rua'(1940), música da época de ouro do romantismo, com melodia de Newton Teixeira e letra do Jorge Faraj, considerado o poeta dos amores impossíveis. Nesta valsa ele descreve o contraste entre a beleza da musa e a pobreza da rua. Teixeira também era cantor e violonista, tendo como parceiros habituais o Mario Lago, David Nasser, Cristóvão de Alencar e outros. Compôs a primeira música 'Tudo me fala do teu olhar' aos 20 anos e em parceria com o Cristóvão de Alencar. Nasceu no Rio de Janeiro, no bairro do Irajá, em 06 de abril de 1916. E faleceu também na cidade maravilhosa no dia 09 de outubro de 1972.
Jorge Faraj, compositor, poeta, aos 18 anos, inspirado pela literatura, escreveu seu primeiro verso. Largou a profissão de mecânico para fundar o jornal ‘O Botafogo’, com amigos do bairro. E tornou-se o responsável pela seção de Poesias. Conheceu em um café o compositor e flautista Benedito Lacerda e mostrou-lhe uma valsa a qual ele fez a letra. A parceria daria ainda muitos sucessos à dupla. Nasceu em 09 de julho de 1901 e morreu em 14 de junho de 1963 no Rio de Janeiro.
ESPAÇO LIVRE
O primeiro poema faz parte do livro 'Cinzas ao amanhecer'(Sebo Vermelho, 2003) e já foi publicado aqui. O segundo, porém, é inédito. Espero que tenham boas leituras.
CICLO-VICIOSO
Ontem lembradas
e festejadas.
Nascidas sob
a égide de sorrisos.
Hoje molduras
nas paredes úmidas.
Eclipsadas em
raras lágrimas.
Amanhã pedaços
de quase nada.
Relegadas ao
esquecimento.
SONHO
Ah, se eu pudesse!...
passaria em pasárgada
desceria no país de são saruê
sonharia estar em gupiara
amaria todas as mulheres
e você em especial.
Ah, se eu pudesse!...
ressurgiria entre cinzas
voltando a seduzi-la
na eterna jovialidade.
E no crepúsculo sombreado
apagaria as chamas naturais
das vicissitudes.
Bené Chaves
por
benechaves às
08:41