
(Este selo foi uma indicação do excelente blogue 'Antigas Ternuras' (www.antigasternuras.blogspot.com) do amigo Marco Santos.
VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (14)
De Dorival Caymmi:
O que é que a baiana tem?
Tem torço de seda, tem! Tem.
Tem brincos de ouro, tem! Tem.
...
Tem saia engomada, tem! Tem.
E tem graça como ninguém...
*
Como ela requebra bem!
...
Quando você se requebrar
Caia por cima de mim.
Caia por cima de mim.
*
Um rosário de ouro, uma bolota assim,
Quem não tem balangandãs não vai ao Bonfim.
Só vai no Bonfim quem tem!
Obs: Alguns versos de 'O que é que a baiana tem', música composta em 1938 e gravada em dueto por Carmen Miranda e Caymmi em 1939. Este samba foi incluído na trilha sonora de 'Banana da terra', filme de Wallace Downey e interpretado pela Carmen.
Dorival Caymmi nasceu em Salvador/Bahia no dia 30 de abril de 1914, atualmente, portanto, já com seus 93 anos bem vividos. Sua primeira composição foi 'No sertão'. Em 1937 mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo e trabalhar como desenhista. Depois fez alguns testes na Rádio Tupi e foi contratado. O seu dom seria mesmo a música. Casou-se em 1939 e teve três filhos que tiveram o mesmo caminho musical do pai. A genética aí funcionou na sua totalidade. Recebendo inúmeros prêmios e homenagens pela importância cultural, Caymmi foi o cantor e compositor que melhor soube divulgar a Bahia e suas belezas.
ESPAÇO LIVRE
O primeiro poema faz parte do livro 'Cinzas ao amanhecer'(Sebo Vermelho, 2003) e já foi publicado anteriormente aqui. O segundo é inédito. Espero que tenham uma boa leitura.
BÊBADO BORDEL
No cabaré entrei
vivi amarga noite.
Sentei na mesa
de perna cambeta.
Tirei a roída
velha jaqueta.
Pisquei a mulata
cor de jambo.
Gozei na ação
cantei invenção.
Não era loira
morena ou ruiva.
Era a madrugada.
Embriaguei então
minha solidão...
BÊBADO DESEJO
Quero embriagar-me no teu corpo
lamber-te os vícios da sensatez
e sugar as gotas que restaram
de uma lasciva paixão.
Quero-te em cores!
Também em preto-e-branco!
Quero-te em sabores!
Que tu te embriagues de mim
a ferir meu dolente corpo
com os odores de tuas vísceras.
E em um momento final e fatal
brotar-te na cavidade de
uma inebriada esperança.
Bené Chaves
por
benechaves às
18:57