VERSOS QUE CANTAM E ENCANTAM (10)
De Noel Rosa e Heitor dos Prazeres:
Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando...
*
A colombina entrou num botequim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim...
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim.
*
Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o pierrô aconteceu assim
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute com amendoim.
Obs: Alguns versos de 'Pierrot Apaixonado'(1935), marcha que fez muito sucesso nos carnavais de 1936 e subseqüentes. A música foi gravada pela dupla Joel e Gaúcho, com o Heitor fazendo o estribilho e o Noel a segunda parte. Heitor nasceu no Rio de Janeiro em 23 de setembro de 1898, dedicando-se, desde mocinho, a tocar clarineta e instrumentos de percussão na Banda da Polícia Militar da cidade de origem. Depois também iniciou-se na pintura. Faleceu em 04 de outubro de 1966.
De Noel Rosa:
Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
E está interessada
Em fingir que não me vê...
*
Nos meus olhos você lê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente
Impertinente
Que dá ordens a você...
Obs: Alguns versos da música 'Três Apitos'(1933), onde o autor inspirou-se em uma namorada que trabalhava numa fábrica de botões em Andaraí, bairro do Rio de Janeiro. E tal composição causou uma confusão danada com outra fábrica que havia perto da casa do Noel. E ficaram sem saber quem seria a musa da música. Talvez por este motivo o compositor não gravou a mesma na época. Só viria a ser gravada em 1951, anos depois de sua morte, por Araci de Almeida, que reviveu Noel Rosa naquele início dos anos 50. O grande compositor de Vila Isabel nasceu em 11 de dezembro de 1910 e faleceu em 04 de maio de 1936.
ESPAÇO LIVRE
APETITE
Sacio-te com piedade
o amor transbordando
numa ânsia orgástica
a jorrar desejos ocultos.
Uma paixão que se deduz
de um estágio em sofrimento.
E o instinto a palpitar uma
breve e infinita ambição.
A de tê-la no meu corpo
em redemoinhos na alma.
Bené Chaves
por
benechaves às
09:56