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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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sexta-feira, julho 06, 2007

Novamente para os que não o viram e também para uma releitura, o texto abaixo, que saiu em setembro de 2004, vai aí republicado. Que todos tenham uma boa leitura.

VIDA A DOIS


Minha mãe casou-se bem novinha, com apenas dezessete aninhos. Em plena efervescência juvenil. E comentavam que era uma moça linda. Parece que eu puxei a ela, pois falam que sou uma pessoa de belo porte. (Fico grato no que estas palavras dizem respeito a mim). Portanto, Mainhô estava em plena floridade, para usar aqui um neologismo.
Naquele tempo era meio difícil as moças se aquietarem no lugar. O clima quente da região também favorecia tal comportamento. E ficavam logo com medo do caritó, praga que persegue algumas até na atualidade, o que é uma grande besteira. Mas, seria o costume de uma época.
Painhô foi o contrário, divertiu-se quando solteiro e tinha vinte e oito anos quando casou. E isso porque ele inventou de 'bulir' com minha mãe. Azar ou sorte dele, não sei, ele que me conte depois essa historinha. Mas o termo 'bulir' era engraçado, porém em voga no período, disse-me certo dia. Se você 'comia' uma mulher, não usaria nunca esta palavra, pois seria uma aberração.
Creio que atualmente não se 'bolem' mais com as mulheres. E todos devem saber o vocabulário certo nas suas conquistas. Existem inúmeras designações para tal uso.
Meu pai me falou que algo lhe chamou a atenção no seu relacionamento com Mainhô. O algarismo seis. Pois, então, namoraram durante seis meses, casaram em um dia seis, tiveram seis filhos e até a igrejinha do casório tinha o número seis na sua fachada como identificação. Juro que vi este algarismo pregado na parede, dizia ele.
Na época proibiam tudo, comentou minha mãe.Você sabe, meu filho, cidade com menos gente o falatório corre solto. Porém, as desgraças só acontecem no dia. Era jovem, podia ter aproveitado melhor a idade. Sei que o tempo não espera nada. E seu pai apareceu naquela hora. Quando chega o momento, tudo se revela e não se revela, pois a existência sabe e dita as mudanças, dizia ela, meio filosofando.
A lua surgiu e iluminou o terraço. Longe dali, mulheres e homens saíam às ruas para olhar o bonito anoitecer. Gupiara enfeitou-se. Ficavam todos com cadeiras e redes nas varandas e se deliciando com o crepuscular acontecimento.
Tia Chica gritou da cozinha que a janta já estaria servida. Painhô depois apenas observou a lua diminuir de tamanho. As ruas ficaram escuras, ouvia-se o zumbido das cigarras e as sombras das árvores afugentavam poucas crianças que brincavam ao derredor.
Ele me disse que se fixou no horizonte e sentenciou: o que existe mesmo é uma mistura de misticismo versus ceticismo. A vida é uma mesclagem!, falou interrogativo, como se estivesse conversando somente para si.
Sei não porque Painhô disse isso, mas pareceu-me que nesta noite, a exemplo de Manhô, ele também estava querendo apenas meditar sobre nossa existência.

ESPAÇO LIVRE

O poema abaixo faz parte do livro 'Cinzas ao amanhecer'(Sebo Vermelho, 2003) e já foi publicado aqui em meados de outubro de 2004. Espero que ele proporcione de novo uma boa leitura.

TEMPORALIDADE


Na breve existência
este seu rosto
tem a sua idade
também a suavidade
do resto que vi de ti.

No seu belo corpo
a efemeridade de
um triste porvir.

A da velhice por vir.

E a morte para ti.

Bené Chaves

por benechaves às 23:12