De Ary Barroso:
Brasil,
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos...
*
Brasil,
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiferente
Ô Brasil samba que dá...
*
Ô, esse coqueiro que dá côco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar...
*
Ah, onde essas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
e onde a lua vem brincar...
Obs: Alguns versos da música 'Aquarela do Brasil'(1939), declaração de amor ao nosso país enaltecendo o seu povo e as tradições brasileiras. Algumas pessoas a consideram ufanista e a têm como uma composição de um louvor auspicioso e exagerado. Acredito que não, pois foi a primeira canção responsável pelo surgimento do chamado gênero 'samba-exaltação'. Era o Brasil de uma época menos culposa e mais esperançosa. Pena que atualmente ele não seja como outrora, visto o grau de corrupção em desenfreada corrida aos olhos de uma população pacata e ainda com um mínimo de instrução.
De Álvaro Nunes ( J. Cascata) e Leonel Azevedo:
Lábios que eu beijei
Mãos que eu afaguei
Numa noite de luar, assim,
O mar na solidão bramia,
E o vento a soluçar pedia
Que fosses sincera para mim...
*
...
Tua imagem permanece imaculada
Em minha retina cansada
De chorar por teu amor
...
*
Mãos que eu afaguei
Volta,
Dá lenitivo à minha dor...
Obs: Alguns versos da valsa 'Lábios que eu beijei'(1937), música gravada por Orlando Silva no mesmo ano. Em meados dos anos 30, o Álvaro Nunes decidiu adotar o nome artístico de J. Cascata, apelido trazido da infância. Nasceu no bairro de Vila Isabel em 23 de novembro de 1912 e morreu no Rio de Janeiro em 27 de janeiro de 1961. Suas primeiras composições foram gravadas nos anos 30 por Orlando Silva, Sílvio Caldas e Luís Barbosa.
O seu parceiro Leonel Azevedo, carioca, lançou sua primeira música 'Chora Coração' em 1930. 'Lábios que eu beijei' foi gravado naquele ano(37) com arranjo de Radamés Gnattali (1906/88) e ficou sendo o maior sucesso da dupla. Azevedo nasceu em 27 de julho de 1905 e morreu em 15 de outubro de 1980. Era também cantor.
ESPAÇO LIVRE
OLHARES
Em teus olhos eu vejo
o ontem tão risonho
vejo o hoje de esperança
mas o amanhã tristonho.
Em meus olhos tu vês
o amanhã de uma ilusão
vês o hoje ambíguo
e o ontem de uma razão.
Entre tristezas e alegrias
nós nos embriagamos
de supostas melancolias.
E meus olhos nos teus de um
amor em diligente tensão.
Bené Chaves
por
benechaves às
08:41