De Noel Rosa:
Quando eu morrer,
Não quero choro nem vela,
Quero uma fita amarela
Gravada com o nome dela.
*
Se existe alma
Se há outra encarnação
Eu queria que a mulata
Sapateasse no meu caixão.
*
Não quero flores
Nem coroa com espinho
Só quero choro de flauta
Com violão e cavaquinho.
Obs: Gravada pelos cantores Francisco Alves e Mário Reis, 'Fita Amarela'(33) fez muito sucesso no carnaval do mesmo ano. Noel Rosa tanto fazia letras como também músicas e era considerado o compositor mais fértil porque retratava - com uma fina ironia e sensibilidade - a sociedade brasileira dos anos 20 e 30.
Uma curiosidade: sua mãe teve um parto muito difícil e os médicos tiveram de quebrar o maxilar do mesmo, daí o aspecto defeituoso no rosto. Ficou quase sem o queixo. Mas, era um célebre compositor. Pena sua morte precoce com apenas 26 anos. Apesar disso, ainda deixou mais de duzentas músicas para o deleite de todos nós.
De Sílvio Caldas e Orestes Barbosa:
Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria.
*
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
...
*
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabocla, o luar, o violão.
Obs: Sílvio Caldas nasceu em 23 de maio de 1908 no Rio de Janeiro e conviveu com a música desde criança. Foi companheiro dos melhores compositores e cantores dos anos 30 aos 80. Foi quem musicou 'Chão de Estrelas'(37) em parceria com o Orestes Barbosa, sempre um bom letrista. Orestes nasceu na região de Vila Isabel, na Aldeia Campista, em 7 de maio de 1893. E morreu aos 73 anos em 1966, enquanto o seu parceiro foi embora bem depois já com 90 anos.
por
benechaves às
09:19