De Ernesto Nazareth / Darci Oliveira/Benedito Lacerda:
Inda me lembro
Do meu tempo de criança
Quando entrava numa dança
Toda cheia de esperança.
*
Fico louca, fico quente
Fico como passarinho.
Sinto vontade
De cantar a vida inteira,
E esta vida
Eu levo de qualquer maneira
Ouvindo a flauta
O cavaquinho, o violão...
Obs: Alguns versos da música ‘Apanhei-te cavaquinho’, do E. Nazareth (versão 2, de 1924). Composta inicialmente como 'polca', foi gravada em 1930 já como 'choro' passando a ter um grande valor musical. Depois recebeu várias letras, porém a mais famosa ficou sendo a da dupla Darci Oliveira/B.Lacerda.
De João Barbosa da Silva (Sinhô):
Não se deve amar sem ser amado
É melhor morrer crucificado
Deus nos livre
Das mulheres de hoje em dia,
Desprezam o homem
Só por causa da orgia.
Gosto que me enrosco
De ouvir dizer,
Que a parte mais fraca é a mulher,
Mas o homem, com toda fortaleza
Desce da nobreza
E faz o que ela quer.
Dizem que a mulher é parte fraca
Nisso é que eu não posso acreditar,
Entre beijos,
Abraços e carinhos...
O homem não tendo
É bem capaz de roubar!
Obs: Sinhô foi o compositor mais popular da segunda década do século passado. Nasceu no Rio de Janeiro em 1888 e faleceu em 1930 também na sempre linda cidade maravilhosa – apesar da violência atual. O poeta Manuel Bandeira esteve presente ao seu enterro e disse depois: "uma perfeita cena carioca, um bafafá, um evento surreal, pois apareceram mais de seis viúvas a disputar o morto, políticos e jornalistas se misturavam com rufiões e malandros temerários".
ESPAÇO LIVRE
O poema abaixo já foi publicado aqui em 2004 e faz parte do livro 'Cinzas ao amanhecer'(Sebo Vermelho, 2003). Volto a mostrá-lo para aquelas pessoas que ainda não o leram, assim como também para todas que desejem uma releitura.
IMAGINAÇÃO
Na escura avenida eu vi o passado
passando bem perto do meu lado
vi a chegada da outrora primavera
o namoro e afago na linda donzela
vi os olhares puros e ingênuos
o bonde caminhando na esquina
as conversas de quina a quina .
Vi, sim, o bem sobrepujar o mal
a afluência ao gostoso clube local
meninas correndo no imenso areal
brincando na mais doce inocência
e ainda numa possível coerência.
Vi a pobreza bastante amenizada
a riqueza solidamente contestada
uma igualdade nunca questionada.
Na escura avenida eu vi, mas tudo
no fascinante mundo da alegoria.
Bené Chaves
por
benechaves às
09:04