De Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco:
Oh que saudade
Do luar de minha terra
Lá na serra branquejando
Folhas secas pelo chão.
Este luar cá da cidade
Tão escuro
Não tem aquela saudade
Do luar lá do sertão.
Se a lua nasce
Por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata
Prateando a solidão.
Obs. Alguns versos da música ‘Luar do Sertão’, uma toada de 1914. A letra é muito extensa e quase nunca foi gravada integralmente.
De Pedro de Alcântara e Catulo da Paixão Cearense:
Ontem ao luar,
Nós dois em plena solidão
Tu me perguntaste o que era a dor
De uma paixão.
Nada respondi!
*
A dor da paixão não tem explicação!
Como definir, o que só sei sentir?
*
Ouve a onda sobre a areia a lacrimar!
Ouve o silêncio a falar na solidão.
Obs. Alguns versos de ‘Ontem, ao Luar’ (1918), música composta originalmente em 1907 como polca e com o nome de ‘Choro e Poesia’, por Pedro de Alcântara. Depois é que recebeu a letra do Catulo da Paixão Cearense e o título atual.
ESPAÇO LIVRE
LEMBRANÇAS
Ontem te vi menina
tateando na úmida areia
apanhando ostras e estrelas,
sargaços rodilhando teus pés
em um mar de ondas cegas.
Tu encantavas aquele lugar!
Não a reconheci, então, na
jovialidade de um passado.
Hoje te vejo mulher
apalpando um rosto de rugas
no reflexo de um roído espelho.
E não colhendo mais nada, sei
apenas da disponibilidade de
um tempo perdido.
Bené Chaves
por
benechaves às
08:37