Este texto já saiu aqui em postagem antiga. Reproduzo para todos os que não leram ou viram. E também para quem desejar relê-lo. Espero que tenham um boa leitura.
ESTÓRIAS DE CONTAR
Naquela noite de lua cheia, Painhô carregou minha mãe pelo braço e foram os dois pro alpendre. Tia Chica ficara na cozinha preparando outra de suas iguarias. E os dois começaram a repassar dias gloriosos. Ela, a lhe contar que estava muito feliz desde que o conhecera. Dizia então: vim traçar com você o meu destino e não me arrependo. Vê como são as sinas da vida!...Meu pai deitou na rede e, ao invés do violão, começou a contar fatos do passado. Somente os dois ali, ao som de um silêncio abismal. E falou da estória famosa do pote, que ficou conhecida naquela região e circunvizinhanças:
Numa reunião quase semanal que era feita na casa de um amigo, todos se entretinham no jogo de cartas ou então em conversas de jogar fora. E algumas cervejinhas ao lado, que ninguém é de ferro. Portanto, a noite distendia-se salutar quando um dos presentes pediu um copo d'água.
Mas, como a dona da casa estava ocupada em fazer petiscos, solicitou que tal pessoa não se envergonhasse e fosse beber tão precioso líquido.A casa era meio esquisita e pra se ir até à cozinha, tinha-se de passar pelo corredor que levava aos dormitórios. E lá se foi o destemido cidadão em busca do seu desejo.Contudo, passaram-se alguns minutos e nada do indivíduo voltar. Daí, depois de breve intervalo, retorna ele mais alegre do que pinto em beira de cerca. E como se tivesse saciado toda sua sede. (Registre-se aqui de que pinto em beira de cerca fica alegre porque toma banho nas lagoas das imediações, evidenciando com isso seu refrescamento e sentimento de alegria). O ditoso sujeito, portanto, confidencia aos companheiros o que ocorrera...
E logo a seguir os demais seguem em fila, um a um, o itinerário estranho e curioso. Porém, volta e meia, a sede ataca novamente àqueles já saciados. Desconfiada, pois o marido estava grogue, a anfitriã vai olhar o sucedido. E depara-se no corredor com a porta do quarto semi-aberta. Ali, ela descobre o motivo de tanta sede. Sua filha dorme numa posição sensual e convidativa aos olhos dos sequiosos. E bote atração nisso!Vexada e confundida, a esposa grita em alto e bom som ao marido já alcoolizado: chega Gusmão, vem ajeitar tua filha senão eles secam o pote! Apesar do mesmo, lógico, ainda conter água escorrendo pelo gargalo.
Tia Chica grita que a janta está esfriando. Os dois ficaram tão absortos que não sentiram o cheiro vindo lá de dentro e tampouco o chamado da preta velha.
ESPAÇO LIVRE
POSSE
Dentro de um mar cristalino
eu me embrulho nos teus cabelos
quero-te somente para mim e
tenho ciúme das águas selvagens.
E no redemoinho de ondas sequiosas
a cobrir nossos inocentes sexos
eu possuo-te na ondulação e sacolegos
de uma cobiça febricitante.
Bené Chaves