A SONORIDADE NO CINEMA
Polonês (9)
No início a Polônia nunca chegou a ter um grande cinema, embora já possuísse uma indústria de filmes antes mesmo da última guerra mundial. Dos atores anteriores à segunda guerra, apenas Póla Negri(1899/1987), cujo verdadeiro nome era Bárbara Apolônia Chalupiec, representava papéis de vampira e isso mesmo no cinema mudo alemão(A múmia, 1917 e Madame du Barry, 1919, ambos de Lubitsch). Ela iniciou, portanto, o seu estrelato em outros países. Participou também de filmes sonoros entre 1935 e 1938. E quando chegou a Hollywood, uns dizem que em 1921 e outros em 1923, atuou novamente com o diretor Ernst Lubitsch em Paraíso proibido, realização de 1924. As más línguas (ou boas?) costumavam dizer que ela era uma 'vamp', acreditando que levava os homens que se aproximavam dela ao perigo e ao pecado.Talvez um doce pecado. Conseguiu, deste modo, atingir o estrelato nos estúdios alemães, americanos e britânicos. Foi a vedete de outras fitas de Lubitsch e uma excelente atriz.
Na última guerra os bombardeios nazistas e a invasão dos soldados do ditador Adolf Hitler acabaram de aniquilar o pouco que restava da cinematografia polonesa. Em 1945 foram destruídos os primeiros estúdios da 'Film Polski', em Lodz, equipados com moderna aparelhagem importada da Suécia e França. Mas, no ano de 1948 construíram os estúdios de Varsóvia, destinados à produção de documentários.
Com a queda do ditador alemão, as nações estavam livres e reiniciaram os trabalhos em paz. No mesmo ano, perto da cidade polonesa, os técnicos arquitetaram a chamada 'Cidade do filme', centro industrial e artístico, funcionando também em Lodz um instituto para a formação de especialistas em todos os ramos da produção cinematográfica.
Eis, aí, em rápidas palavras, o início suado do cinema polonês, sua fase de sonorização e as dificuldades que o mesmo encontrou. Pesquisei em algumas fontes mas não consegui descobrir o primeiro filme falado polonês. Sei apenas que a chamada 'escola polonesa' encontrou suas melhores realizações durante a década de 50 e nos primeiros anos da década seguinte.
ESPAÇO LIVRE
O nosso amigo Horácio Paiva (RN), já por demais conhecido entre os nossos amigos e amigas, nos manda mais um de seus bonitos poemas. Espero que tenham uma boa leitura.
CANTO AO AVÔ AFRICANO
Procuro-te entre os demais
e não te encontro
talvez porque não aceitaste o convite
e o sonho do Brasil te foi imposto.
Vejo a tua sombra
e semente -
já que o teu corpo foi corrompido pela guerra
- que o orgulho impediu que abandonasses -
pelo açoite
e pela prisão.
Os demais estavam à mesa
e todos tinham nome e origem.
Tu, porém, sobreviveste
sem o pão e o vinho.
Trazem-me dos demais a linhagem
lenda ou fantasia
de seu tempo secular
e vou encontrá-los nas igrejas
cartórios ou bibliotecas.
Quanto a ti
a memória se perde
num vago e nostálgico pressentimento passado
que vai enfim morrer na praia
na selva ou no deserto.
Contra ti urdiram a morte histórica
relegando-te aos livros
de registros contábeis
às ignóbeis transações de compra e venda.
Mas ergue-te, avô, pois ainda vives
e tua reação foi maior que a derrota nas armas.
Dá repouso à tua sombra.
Vê que te ofereço
à luz do sol
um banquete com as lavouras que plantaste
e a que não faltarão
os alimentos sagrados que o teu gênio criou
os teus ricos orixás
as raízes de teus cantos, ritmos e danças.
E verás que à mesa estará presente
um povo
uma nação
construída com o teu sangue.
Não me renegues, avô,
não é minha pele que te chama
mas a noite de tua ausência.
por
benechaves às
10:53