PALAVRAS QUE INQUIETAM (11)
Þ O célebre cientista Albert Einstein chegou a dizer que "preferiria ser cortado em pedaços a tomar parte em tão abominável ação", referindo-se aos atos da guerra de um modo geral. Odiava também a riqueza. E dizia: "estou absolutamente convencido de que nenhum dinheiro pode ajudar a humanidade a progredir", pois o que "o mundo mais necessitava nunca poderia se comprar com ele". Tinha consciência de que os antigos ódios continuavam a fermentar o ser humano, achando conseqüentemente que "precisava-se era de paz permanente e boa vontade constante".
Pois é, meu caro Einstein, o problema é que não existe nem uma coisa e nem outra. O que predomina são os contrários. Porém, depois arrematava a máxima seguinte: "é óbvio que nós existimos para os nossos semelhantes - para aqueles de cujos sorrisos e bem-estar depende a nossa felicidade, e depois aos que nos são desconhecidos", sabendo também ele que "nas crianças reside a esperança do mundo".
Contemporizando a sua revolta de como resistir ao universo inteiro, obteve-se do filósofo Ralph W. Emerson (1803/82) a imediata resposta: "se um homem se apegar resolutamente aos seus instintos, o mundo acabará por ceder a ele".
Þ E o que diria a escritora francesa Simone de Beauvoir, eterna companheira de Sartre, diante de tantas controvérsias? Ela, que nasceu no início do século XX, acreditando que "o mundo não parecia mais um lugar seguro", afirmava depois com soberania: "o que o tornava sombrio era perfeitamente o fato de que minha imaginação amadurecia", pois revelava a seguir que "os pensamentos vão e vem como bem entendem dentro de nossa cabeça". E aquele período de vida para ela teria de acabar, mas "isso não parecia verossímil", dizia, talvez ainda acreditando em algo melhor. Todavia, "a angústia é que me estimulara; descobrira uma saída para o desespero porque a procurava com ardor", disse então. E, nesse caso, "a amizade e o amor eram a meus olhos algo definitivo, eterno, e não uma aventura precária", dizia com sobriedade. Depois confirmou: "só o sono me libertava". E diante disso tudo somente lhe restaria sustentar que existia de duas maneiras, pois "levando minhas repugnâncias até o vômito, meus desejos até a obsessão, um abismo separava as coisas de que gostava das de que não gostava". Citou ainda, contrariando o conceito de muitos que "detestava as rotinas e as hierarquias, as carreiras, os lares, os direitos e os deveres, todo o aspecto sério da vida".
ESPAÇO LIVRE
CONFIANÇA
No mar revolto e profundo
derramo minhas lágrimas
esperando removê-las e
transformá-las na virtude
de uma vida de amor.
E no azul cósmico e infinito
carregá-las como um pássaro
conduz sua presa ao ninho
a saciar sua fome.
Numa liberdade que se ergue
faiscando gotículas estelares
distante de perenes incertezas.
Bené Chaves
por
benechaves às
08:43