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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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segunda-feira, março 06, 2006

O SONHO


Naquela madrugada de chuva em Gupiara acordei assustado com fortes e grossos pingos batendo na janela. Era com se alguém estivesse tentando entrar no quarto. Levantei-me e fui ao banheiro. Quando voltei estava fazendo frio e me cobri dos pés a cabeça. Daí foi um pulo para ressonar e sonhar algo perturbador. E vi-me, então, na iminência e decidido mesmo de sair da cidade. Ir morar numa casa de campo de qualquer vilarejo. Talvez achasse que Gupiara já não despertava minha atenção como de tempos passados. Mas, mesmo estando longe dela, não deixei, evidentemente, de me informar sobre os acontecimentos do seu dia-a-dia. Parecia paradoxal querer notícias de minha querida cidade, mas era assim que agia e reagia. E apesar dos comentários não serem nada elogiosos e sempre apontando um monstrengo em construção, notava que meus sentimentos voltavam às raízes. Acho que criara um eterno e terno amor àquele lugar e a algumas pessoas infiltradas na minha vida. Afinal, fora ali que vivi e revivi os melhores momentos da mesma.

No sonho não deixava dúvida, já adulto a reparar uma experiência a quantos desejassem. Instantes de uma orientação adequada e colocada em prática na árdua tarefa. E se foi uma decisão minha sair do complexo demográfico em plena efervescência, sabia também da indisposição que me levara a tal atitude. O feitio imposto à Gupiara fez, com certeza, que tomasse novo rumo. Claro que tive opinião contrária de quase todos, desde os menos íntimos como dos familiares. Caminhava para o inevitável e insuportável, que seria, óbvio, a velhice. Isto é, se algum fato novo não viesse interromper minha existência. Ficava comovido, de uma comoção brutal e impactante. A partir dali estaria relegado a um enorme e imprevisível esconderijo. Restavam-me, então, as lembranças dos bons períodos, desde quando nasci e fui disposto no mundo pelas intimidades de meus progenitores. Eles que o digam de suas aconchegâncias.

Mas sem ainda saber como fui gerado, se em dia de calor ou frio, sol ou lua, o sonho apenas mostrara que teria sido com amor e uma gostosa luta na cama ou algo similar. Neste pormenor a minha visão era ofuscada pela instabilidade do ambiente. Observei reflexos suavizantes e uma pálida luz me tentando mostrar o ocorrido. E da união dos corpos desejosos de Painhô e Mainhô e particularidades outras eu devo ter surgido depois de uns nove meses. Ou como dissera minha mãe, revelando que talvez estivesse gostando do aconchego de seu ventre. Se pudesse escolher era evidente que não sairia de lá tão cedo. Em seguida, coube-me dissertar e dissecar atribulações desde pequeno, enquanto ser humano a acusar o perfil de uma pessoa honesta. E no estado letárgico, no conforto daquele frio colchão, vi-me já adulto como um sujeito que fosse de encontro também com arrogâncias e prepotências de outrem na maleabilidade transitória da vida. Eram minhas prerrogativas e um dilema que teria ainda de atingir.

Sonhei, inclusive, Painhô contando a velha história de quem nunca bebera mel. Ele dizia: meu filho, neste mundo não somos nada, olha o que aconteceu com aquele sujeito. E quando reparei devidamente vi um desastroso lambuzado escorrendo corpo abaixo do indivíduo. Seria a razão de ele ter ido com muita sede ao pote. Uma insana cobiça de algum principiante no ato de devorar. Tal lampejo ocorreu-me de supetão, talvez na evidência de mostrar a ganância de nosso semelhante. E minha mãe e meu pai bem sabiam da árvore genealógica que ressurgia com o nascimento de um filho. Seria o caso de dizer que o espermatozóide quando entra no óvulo palpitante e feliz, sua geração se desenvolve com sabedoria e amor. As lendas ou fatos vão dando continuidade, desta maneira, a tais afirmações acolhidas com sensatez.

A chuva tinha ido embora quando despertei do sono e sonho. O amanhecer ia inundando aos poucos o meu quarto, uma luz entre frestas fez-me acordar de um leve pesadelo e uma breve imaginação. Teria de ir ao trabalho. Era segunda-feira de uma Gupiara de cinzas.
ESPAÇO LIVRE


O MELHOR DO FAROESTE NO CINEMA


Com a participação de 12 pessoas ligadas ao cinema, o jornal natalense Tribuna do Norte publicou no dia 10 de julho de 1994 sua enquete sobre 'os melhores westerns de todos os tempos'. Interessante notar que os dois primeiros colocados são fitas atípicas dos cineastas. E como na última colocação dois filmes aparecem com a mesma pontuação, os mesmos dividem a posição entre si. Vamos, portanto, ao resultado final:

1. Os Brutos Também amam (George Stevens, 53) - 97 pts.
2. Matar ou Morrer (Fred Zinnemann, 52) - 75 pts.
3. Rastros de Ódio (John Ford, 56) - 63 pts.
4. Paixão dos Fortes (John Ford, 46) -58 pts.
5. No Tempo das Diligências (John Ford, 39) - 55 pts.
6. O Homem que Matou o Facínora (John Ford, 62) - 44 pts.
7. Onde Começa o Inferno (Howard Hawks, 59) - 34 pts.
8. Rio Vermelho (Howard Hawks, 48) - 31 pts.
9. O Homem dos Olhos Frios (Anthony Mann, 57) - 25 pts.
10. Consciências Mortas (William A. Wellman, 43) - 19 pts.
11. Duelo de Titãs (John Sturges, 59) - 19 pts.


por benechaves às 10:27