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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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segunda-feira, janeiro 23, 2006

O OLHAR DA DESILUSÃO


Em conseqüência de Gupiara ter bons cinemas naquele tempo e antes da fanfarrice geral, pude eu, claro, ir além de uma ilusão. Teria maiores chances de ver a atriz Kim Novak. Lógico que aproveitei a ocasião de vê-la no escurinho das telas exibidoras. E a vi de corpo intero... Êpa!, mas, nada de seu corpo nu. Aí já estava querendo demais. Não houve nenhum atrevimento sensual na aparição da mesma enquanto durou jovem e bela na efêmera etapa dos cinemas da cidade. Somente de vez em quando um relance das belas coxas de fora (vide Meus dois carinhos, quando aparece ao lado do Frank Sinatra. Aliás, ela faria outra fita com o consagrado cantor em O homem do braço de ouro, muito bom filme do Otto Preminger). Lógico que me contentava com tal visão, porque, acima de tudo, as salas exibidoras eram, por enquanto, uma parte de minha vida.

No tempo em que me gabava desses sublimes momentos ocorria-me também de inúmeras outras atrizes perfilarem-se e desfilarem suas elegâncias e sensualidades, atraindo e causando desejo, não somente a mim, como a quantos estivessem a admirá-las. A única restrição que faziam era de que aquelas belas mulheres não se mostrassem libidinosas e despidas, visto que seria uma certa ousadia para o período. Tirante umas poucas, talvez casos raros, que arriscavam um ligeiro atrevimento de seus seios timidamente soltos fora da peça íntima, ou melhor, do sutiã. Mas aí já era safadeza de todos nós, meninos ansiosos por detalhes que despertassem mais ainda nossa efervescente libido.

Quanto a questões outras, sabia-se, evidente que sim, que eu exaltava tudo que se inclinasse de encontro à mediocridade, aquela então falta de grande valor que atingia a maioria, desde apresentações ridículas até outros casos que surgissem às escondidas. Quando se tratava de uma exibição que merecesse um olhar detalhado, não perdoava qualquer platéia moleca que de nada entendia. Tinha certeza do vexame de que a mesma poderia proporcionar. E ficava, então, puto da vida, pois estaria sujeito a escutar tamanhas disparidades. Eram demonstrações de desprezo que ninguém evitaria, fatos lamentáveis que presenciei algumas vezes. E na minha inquietude ficava torcendo para ir à forra com aquela cambada de ignorantes. Mas, nada disso acontecia. O certo é que eu não era mesmo de briga.

Outras ocasiões, no entanto, quando ia ver um filme sem pretensões quaisquer e com Kim Novak à frente do elenco, deliciava-me com a continuidade da paixão e quase não me incomodava com algazarras. Acho que ficava meio concentrado na imagem que via, seria uma higiene mental em assistir algo leve (vide Sortilégios do amor ou, então, O nono mandamento). E imaginava o que não poderia acontecer. E acho que a tristeza e a alegria invadiam meu ser. Seria a mesclagem de um desengano. Que me deixassem sonhar, viver! Que me deixassem viver, sonhar! Algum dia, porém, iria ter consciência e realidade (que chatice!) do momento lúdico que imaginava transgredir. Era coisa de menino besta mesmo, a transitoriedade em gestação. E aquele doce desejo me faria ir ao banheiro novamente. Seria um olhar a mais de uma desilusão.
ESPAÇO LIVRE


aforismo


homem x mulher.

desejos mútuos.

sexos indivisíveis.

o amor de te ter
será o mesmo que a
dor de te perder?

paixão x ódio.

vida x morte.

Bené Chaves

por benechaves às 12:02