VIGÉSIMOS PRIMEIROS ALUMBRAMENTOS
Antes, porém, da desordem final e na ânsia de mixórdia pré-estabelecida no primeiro caso, quando de meu bilhete amoroso, Gracita tinha escrito algo no papel e jogou-o no bolso de minha calça. Queria, com certeza, que fosse lê-lo somente em casa. Estava, contudo, aflito e abri-o no caminho, quando pude sentir que ela de fato e de direito gostava de mim. Aparentemente acho que sentia algo, sei lá... Percebam, portanto, o que a mesma redigiu com meiguice e brevidade:
Meu querido, teu nome irradia paixão
Perdão? E também razão...
Ilusão? Não! Magia? Sim!
Teu corpo mexe minha vida!
Vi um deslumbramento nestas palavras, como se ela, Gracita, estivesse numa demonstração de carinho nunca antes oferecida, apesar de certo plágio no estilo de seus curtos versos. Mas, valeu sua intenção. Seria lógico dizer, então, que dois corpos e uma só mente estariam se unindo. Bem... Na visão que tinha de minha juventude, com certeza e exatidão uma visão longe do que consistia a realidade existencial. Os acontecimentos não eram assim como a gente desejava, eles se apresentavam intempestivos e intemperantes. Inclusive porque depois não houve nenhum acordo, muito menos perdão, se seria esta a palavra certa. Aliás, palavra interrogada nos seus versos. Tudo, enfim, dissipou-se num infeliz dia, para tristeza minha e, creio, de Gracita. Desmoronaram nossa magia?
Mas, então, quando cheguei à sua casa, já senti o ambiente incomum e fui logo abordado do inusitado incidente. Claro que fiquei perplexo com aquela estória absurdamente indefinível e delirante. E como não tive receptividade dos argumentos relatados...
Ah, as mulheres!... Agem mais com a paixão, o arrebatamento, do que com a razão. Talvez fossem fatos isolados e frutos da pouca idade das mesmas, aqui, no caso, quase uma menina. Parece-me que bastante geniosa. Portanto, vi que se tratava de um assunto intrigado e emaranhado. A pessoa a quem incumbiram de tais relatos os fez sob rigorosa intransigência e sem brechas para qualquer defesa, articulando com cuidado seu intento e sua astúcia. Pareceu-me até coisa de cinema, com possibilidades reais de um dramalhão mexicano.
ESPAÇO LIVRE
F I L M E S DECEPCIONANTES ( Diretores conhecidos ).
q A ANGÚSTIA DE TUA AUSÊNCIA (Jean Negulesco)
q LÁGRIMAS DE TRIUNFO (George Sidney)
q VENDAVAL DE PAIXÕES (Cecil B. De Mille)
q BALADA SANGRENTA (Michael Curtiz)
q HIENAS DO PANO VERDE (Blake Edwards)
q ALIANÇA DE AÇO (Cecil B. De Mille)
q ASSIM MESMO EU TE AMO (Jean Negulesco)
q QUANDO O AMOR É PECADO (Robert Siodmak)
q OS DEZ MANDAMENTOS (Cecil B. De Mille)
q PRECE PARA UM PECADOR (Frank Tashlin)
q DAVID E BETSABÁ (Henry King)
q RENÚNCIA DE UM TRAPACEIRO (Francesco Rosi)
q ANASTÁCIA (Anatole Litvak)
q SUAVE É A NOITE (Henry King)
q SANGUE ARDENTE (Nicholas Ray)
q JURAMENTO DE VINGANÇA (Sam Peckinpah)
q A CHAVE (Carol Reed)
q NO CAMINHO DOS ELEFANTES (William Dieterle)
q NOITE DE PÂNICO (Julien Duvivier)
q O PASSAGEIRO DA CHUVA (René Clément)
q OS INSACIÁVEIS (Edward Dmytryk)
q O TIGRE SE PERFUMA COM DINAMITE (Claude Chabrol)
q A RONDA DO AMOR (Roger Vadim)
q QUATRO HERÓIS DO TEXAS (Robert Aldrich)
q SANSÃO E DALILA (Cecil B. De Mille)
q TEMPESTADE SOBRE WASHINGTON (Otto Preminger)
q EM NOME DO DIABO (Marco Bellocchio)
q CANDELABRO ITALIANO (Delmer Daves)
q O HOMEM DO RIO (Philippe De Broca)
q A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO (Anthony Mann)
q TEXASVILLE (Peter Bogdanovich)
q DIÁRIO DE UM VÍCIO (Marco Ferreri)
q CASSINO (Martin Scorsese)
q DO OUTRO LADO, O PECADO (Stanley Donen)
q BARRABÁS (Richard Fleischer)
Bené Chaves
por
benechaves às
10:03