Estava, depois de um namoro mal resolvido, embora bem amado, dedicando-me mais aos estudos, pois minha mãe, a Mainhô, reclamara das baixas notas que enfeitavam e enfeavam o boletim. Menino, nada de namoro, você está descuidando e se prejudicando, desse jeito vai ser reprovado. Avie-se!, exclamava ela com inquietação. E, então, deste modo, os acontecimentos seguiram rumo, tudo avexado nas circunstâncias de momento. O que ficou realmente sobrou, restaram somente as saudades ainda não diluídas. Permaneceriam acesas para tentar retemperar um passado cheio de alegria e entretenimento. Um passado de ilusões, outrora ilusões que mantinham novas esperanças sobre um futuro incerto. E fixavam sombras perdidas ao acaso, a interinidade de amores desiludidos ou não no caminho de uma existência.
Numa ação paralela e de bom grado, resolvi aguçar minha capacidade criativa, participando e ateando discussões outras, conquanto também revolvia os ambientes inertes ou pusilânimes. Era chegada a hora de uma maior peleja com as partes acomodáveis. E assim sendo, tentava transformar e sitiar um pouco posições distorcidas e abrandadas. Minha intenção talvez não tivesse êxito imediato, porém com o andar e carregar do tempo, ela pudesse resultar num feito admirável. Sim... Por que não?
Mas, nem tudo sai como se quer. E o certo é que o desejo ficou somente na vontade, pois era realmente difícil controlar situações adversas. Parece-me que houve um exacerbado descontrole e tudo ficou como antes. As posturas não foram corretas, ensejando discordâncias e retaliações. E enquanto a cidade embaçava também de poluição, maldizendo seu fado e progresso, acordos e maquinações (aliás, Gupiara ia aos poucos se tornando uma atrevida e esnobe província, alterada com o crescente aparecimento de sotaques e costumes incomuns ao seu cotidiano. Eram expressões que destoavam e faziam da mesma uma urbe com características anômalas), arranjei novamente outra namorada. Para desespero de Painhô e Mainhô.
Que diachos!, não sei explicar, mas tinha uma facilidade de envolvimento incrível. Seria o tal do belo porte preconizado pela parteira na hora de meu nascimento? Ou, talvez, elas, as garotas, vissem que eu era uma pessoa de conduta ilibada. Nem tanto, nem tanto... Acho que desejavam apenas namorar. A idade, claro, favorecia nossos apetites e da mesma forma a vontade de uma aproximação do sexo oposto. Portanto, que tal incitação tivesse livre arbítrio entre nós, pudesse entrar e se alojar como bem quisesse.
No caso aqui em especial, ou seja, da menina conquistada, também pudera... Minha nova namorada era uma garota linda, talvez até mais jeitosa e gostosa do que Alba. E quem não toparia? Lógico que não iria deixar a mercê de outros, de jeito nenhum. Todavia, tal relacionamento não seria bom nem para mim e tampouco para minha recém parceira. Iriam dizer que poderia prejudicar nossos estudos. Menos ainda para minha mãe, que já estava de olho bem aberto quanto às travessuras de seu jovem mancebo. Ora mais!... Fazer o quê? Deixar-me amar, era minha sina sempre amar, fantasiar, sonhar, deliciar, apalpar, beijar e por fim transar, verbo ainda não em uso para o fim proposto na época vivida. Partir para mais outra tentativa de rejubilação. Posterior separação e sofrimento não vinham ao caso. Éramos sagazes para não pensarmos ainda neste substantivo masculino de impacto sobre nossos sentimentos. E a minha idade adolescente teimava em não permitir tais legitimidades. Enfim, era a vida!...
ESPAÇO LIVRE
OS MELHORES E OS PIORES DO CINEMA BRASILEIRO
MELHORES FILMES
1. Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha)
2. Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos)
3. Terra em Transe (Glauber Rocha)
4. Cabra Marcado para Morrer (Eduardo Coutinho)
5. Anahy de las Misiones (Sérgio Silva)
6. Tudo Bem (Arnaldo Jabor)
7. Memórias do Cárcere (Nelson Pereira dos Santos)
8. Ganga Bruta (Humberto Mauro)
9. Os Fuzis (Ruy Guerra)
10. O Bandido da Luz Vermelha (Rogério Sgarzela)
11. Eles não usam Black-Tie (Leon Hirzsman)
12. A Hora da Estrela (Suzana Amaral)
13. Limite (Mário Peixoto)
14. Anjos do Arrabalde(Carlos Reichenbach)
PIORES FILMES
NORDESTE SANGRENTO (Wilson Silva)
MATEMÁTICA 0... AMOR 10(Carlos H. Christensen)
SELVA TRÁGICA (Roberto Faria)
A FALECIDA (Leon Hirszman)
ONDE A TERRA COMEÇA(Ruy Santos)
VEREDA DA SALVAÇÃO (Anselmo Duarte)
A LEI DO CÃO (Jece Valadão)
OS SETE GATINHOS (Neville D'Almeida)
PERDIDA (Carlos Alberto P. Correia)
MÃOS VAZIAS (Luis Carlos Lacerda)
AMOR VORAZ (Walter H. Khouri)
R. C. EM RITMO DE AVENTURA (Roberto Faria)
GABRIELA (Bruno Barreto)
A DAMA DO LOTAÇÃO (Neville D'Almeida)
PEDRO MICO (Ipojuca Pontes)
CAPITALISMO SELVAGEM (André Klotzel)
JARDIM DE ALAH (David Neves)
SOMBRAS DE JULHO (Marco Altberg)
O CEGO QUE GRITAVA LUZ (João B. de Andrade)
MIRAMAR (Julio Bressane)
TIETA DO AGRESTE (Cacá Diegues)
Bené Chaves
por
benechaves às
14:52