Sem saber se estava dormindo ou acordado, olhei, então, ao redor. Com intensa curiosidade descobri o que desejava. E num passo meigo, lento e mágico, Alba adentrou no quarto e veio até minha cama. Para surpresa minha agachou-se delicada e deliciosa. Estava linda com aquela camisola transparente e aderente, numa simetria dos dois adjetivos que me deixou palpitante. Quase me derreti ali mesmo, estirei os braços e esperei-a avidamente, porquanto, neste ínterim, uma buliçosa bulimia atacou meu corpo por inteiro. Não pude, lógico, resistir. Gritei, uai!... ué!... hurra!... Não acreditava no que via. Ou acreditava no que não via.
E também, ao mesmo tempo, numa fusão de imagens, as pessoas de Gupiara pareciam jogar-se umas contra as outras, os olhares apavorados diante de acontecimentos irrefutáveis de desdém. Pensei que tudo aquilo seria uma vida descosida, uma existência de desprovimentos e desproteções das ocorrências esperadas. Ou inesperadas?
Porém, atento ao primeiro caso e para espanto meu, Alba levantou-se e começou a tirar a sensual peça, ou seja, a camisola diáfana. Vi, então, uma escultura à minha frente. Com apenas quatorze ou quinze aninhos. Era belo, infindavelmente belo o corpo nu de minha namorada. Não tinha muitas palavras para descrevê-lo, apenas e tão-somente para desejá-lo, afagá-lo. E foi o que fiz. Puxei-o com delicadeza e ele deslizou suave para o colchão, o repentino e macio leito. Aquele corpo dali em diante seria meu, unicamente meu. Iniciei, portanto, minha doce e árdua tarefa de amá-lo, de penetrá-lo. Achava-me em delírios, êxtases, sei lá o que... Exalçado! E tudo, enfim, terminou num ensandecido e simultâneo orgasmo. O ato, em si, foi um instante de puro prazer, como se nós dois estivéssemos a galgar uma extensão indefinida e interminável. Queríamos vivenciá-lo terno e eternamente. Ela gritou, gritava, se deliciou, deliciava, exultou, exultava, gozou, gozava... Aleluia!
Sei não, mas acho que depois daquele dia, ou melhor, noite, não era jamais o mesmo, sobretudo sabendo que (ou não?) vivera um invulgar e maravilhoso sonho. Tinha certeza disso, pois, de qualquer maneira, possuíra Alba com todas as minhas forças. Humanas ou sobrenaturais. Ou, então, apenas oníricas. Mas, o certo é que a possuíra. E, a partir daí, seria um outro rapaz, numa mesclagem do verdadeiro versus o imaginário.
Pois é, queridas amigas e amigos: aquela noite simplesmente não existiu. Ela explodiu! De contentamento, afeto, de fantasia, alegoria. Ela explodiu numa realidade quimérica. Foi uma antevisão, uma explovisão. Uma mágica ilusão...
ESPAÇO LIVRE
NUDEZ ANTROPOFÁGICA
Oh, o corpo da mulher!
Indelével
modelar.
Loiro ruivo moreno
nu cru
vertical
horizontal
assado
temperado
ele me aquece.
Odor de carne fresca
enlouquece.
Cortado
na mesa
cama
doce paladar
corpo-carne para amar.
Bené Chaves
por
benechaves às
08:47