perfil
Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
Livros Publicados:
a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
Sonhadores

Você é nosso visitante de número


Obrigado pela visita!

links

a filha de maria nowacki
agreste
arabella
ariane
balaiovermelho
blog da tuca
clareando idéias
colcha de retalhos
dora
entre nós e laços
faca de fogo
janelas abertas
lá vou eu
letras e tempestades
litera
loba, corpus et anima
maria
mudança de ventos
notícias da terrinha
o centenário
pensamentos de laura
ponto gê
pra você que gosta de poesia
proseando com mariza
rua ramalhete
sensível diferença
su
tábua de marés
umbigo do sonho
voando pelo céu da boca

zumbi escutando blues

sonhos passados
agosto 2004 setembro 2004 outubro 2004 novembro 2004 dezembro 2004 janeiro 2005 fevereiro 2005 março 2005 abril 2005 maio 2005 junho 2005 julho 2005 agosto 2005 setembro 2005 outubro 2005 novembro 2005 dezembro 2005 janeiro 2006 fevereiro 2006 março 2006 abril 2006 maio 2006 junho 2006 julho 2006 agosto 2006 setembro 2006 outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008
créditos

imagem: Walker
template by mariza lourenço

Powered by MiDNET
Weblog Commenting and Trackback by HaloScan.com

 

 

 



quarta-feira, março 23, 2005

DÉCIMOS SEGUNDOS ALUMBRAMENTOS


Gupiara, infelizmente, começava a manter um sistema oligárquico que se afigurava desprezível. Como todo sistema de classe ou família. E, então, aquelas ditas pessoas pronta e hipocritamente mudavam os hipotéticos hábitos anteriores e passavam a arrotar seus escondidos e soberbos interesses. Inclusive detinham todas as crescentes cidades por um tempo considerável, acarretando dissabores de uma minoria inteligente e sabores de uma pequena parte interessada. Aliás, bastante empenhada em vantagens. De geração em geração. E eu, que lutei sempre para vê-la distante desses arreliosos arremedos... Apre!

Mas, voltando ao que interessa, o certo é que fui comer a tal galinha caipira e fiz as pazes com Alba. Ou melhor: ela quem fez comigo. E ficou cheia de felicidade. Meu primo teve outro programa com sua namorada, parece-me que iam ao cinema, ela adorava um filme de amor. E aproveitando a ocasião e falando nele, acredito que foi além do permitido. Isto é, nem eu mesmo sabia o que era permitido ou não. Para a nossa fase da existência a liberdade tomava conta dos possíveis impulsos. Embora soubesse das possibilidades remotas da época. Conhecendo, contudo, as habilidades dele, ficava difícil supor o contrário. Que confessasse depois seus erros. Ou acertos? Tudo era euforia no entendimento de uma desprendida e voraz rapaziada.

Assim sendo, as intempéries ou maus presságios, depois do paladar que degustei junto à minha namorada, retornavam à normalidade. Não sei, porém penso que Alba tava gostando mesmo de mim, pois lhe dei um beijinho e ela esboçou apenas um leve sorriso. Podia não entender, na época, de mulheres, como também nunca entendi, mas acho que acertei em cheio quando disse que ela iria me procurar. Sem convencimento algum de minha parte, lógico. Devia certamente, com grandes ressalvas, já estar aprendendo, ih!, naquele início ou fase intermediária da vida. E me exultava diante da suposta proeza. Claro que ela deve ter gostado do agarramento de um mês e meio atrás, ora se não!... Ah!, as mulheres...

Voltei para casa e me dispersei na cama, dormi como uma criança agarrada ao colo da mãe. Também estava feliz do reencontro surgido. O vento forte batia na janela e corria uma brisa ao redor do quarto, as venezianas deixando o sopro passar sem contestações. Lá fora passarinhos sibilavam entoações em séries intermináveis. Apenas escutava um longínquo zumbido e não sabia se era sonho ou realidade. Sei, dizer, contudo, que vi uma bela imagem. E acho que adormeci de vez sem decifrar o que poderia ter acontecido. Daquele momento em diante não vislumbrei nada, nem mesmo sombras de uma suposta e inquietante ilusão sedutora.

ESPAÇO LIVRE

C A O S

O mundo passa
transpassa
repassa
traspassa
carrega consigo
incongruências
inconseqüências
maledicências.

O universo a pairar
no verso perplexo
do plexo complexo
da vida.

Em anexo.

Bené Chaves

por benechaves às 16:24