A vida começara a realçar, a separar e a tilintar diante de pedras, grutas, tascos e uma infinidade de objetos surgidos no chão da terra seca e braba, sol rasante e lua delirante. Aquilo sim é que era estupidez, molestamento! No mais, tudo enfim ficou e fixou, dito e entredito, conforme as resignações, inquietudes e instâncias da ocasião. E com o que era de se supor.
E depois, pouco tempo depois, vieram as desgraças sem graças e o que de pior poderia ou deveria acontecer. Uma vastidão e devassidão tomaram conta do espaço ocupado.
Raças apareceram, classes se formaram e línguas se difundiram, desenvolvendo-se uma promiscuidade incomum, com tanto homem e mulher a fornicar. Enfim, uma plêiade de necessidades e necedades foi surgindo e adquirindo volumes diversos.
À falta de uma boa temperatura, todas as coisas explodiram de insciência e impulsividade. A terra tinha brotado e se dividido.E o homem, a mulher e a criança, todos postos ali sem um propósito, estavam abobalhados, boquiabertos. Teriam nascidos e colocados assim, sem mais nem menos? Somente para tornar duradoura uma espécie? Que espécie seria essa?
Desde tempos idos e vindos que batucavam nesta tecla. E queriam saber a razão daquilo tudo, do caso inusitado. Seria a antítese dos sexos a grande delinqüente, a verdadeira vilã? Ou a verdadeira razão? À vista disso... vilã ou razão, ah, quanta imprudência, desvirtuamento e impudência!
Tudo se relaciona mesmo com a dita rivalidade entre o homem e a mulher. E se não fosse a diferença entre eles, lógico, não se estaria aqui. A necessidade que o macho tem de querer uma fêmea antes passa pelo desejo carnal, seja ela bonita ou feia. E na época das cavernas, do indivíduo no seu estado primitivo, nem se fala... bastava ser do sexo oposto. Ou falando, melhor dizendo, escrevendo grosseiramente: andar com uma lasca entre as pernas.
Portanto, o prazer que os sexos opostos sentem um pelo outro é enraivado, arraigado. E daí vem a extrema carência do desejo, a irascibilidade latente. Essa bagaceira do prazer e ruidosa vontade do inolvidável.
Disseram que dali em vante o homem sobreveio afogueado, senhoreou-se de vez, tido e havido. Tendo o trunfo maior, que é o órgão penetrador, deu valimento e lenhada de lado a lado. Lés a lés. Houve, a partir daí, chamuscadura entre os opositores. O amor e o ódio passaram a viver colados um ao outro. E o tempo, então, voou com explodida rapidez...
ESPAÇO LIVRE
CICLO-VICIOSO
Ontem lembradas
festejadas.
Nascidas sob
a égide de sorrisos.
Hoje molduras
nas paredes úmidas.
Eclipsadas em
raras lágrimas.
Amanhã pedaços
de quase nada.
Relegadas ao
esquecimento.
por
benechaves às
19:42