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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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segunda-feira, novembro 15, 2004

ESQUISITICES EM GUPIARA





Gupiara vivia sua vida. A igrejinha onde se reuniam aos domingos servia mais para comentários sobre o que acontecia (e aquela estória do sujeito que tentou explorar diamantes já chegara à exaustão) nos arredores, do que propriamente para a real finalidade, ou seja, rezar. A não ser as velhas devotas que se plantavam ali e ficavam os restos da manhã. Pois bem!

E vale registrar aqui que alguns habitantes do singular lugarejo tinham nomes e corpos estranhos. Na rua onde Painhô e minha mãe moravam vez ou outra surgiam nas cercanias próximas indivíduos monstruosos e além de nossa imaginação. Rostos deformados não raro apareciam e faziam medo à criançada inocente.

As crenças levavam fé e diziam ser coisa feita em terreiro, vingança de família, manifestações próprias de cidades pequenas. Enquanto algumas pessoas tinham receio, outras nem ligavam ao episódio. E as fanfarrices aumentavam e serviam de riso para alheios.

Esquisitos nomes como Insulino, Aborígene, Dilúvio e outros, sempre vinham à tona mesmo que em escalas menores. Porém era gente boa, honesta, dessa de se entregar ouro em pó. Apenas os seus pais não foram felizes na hora do registro. Ou então resolveram, por um motivo ou outro, diferenciar do lugar comum.

Fomos nos acostumando ao cotidiano e deixando passar tais fatos insignificantes, não nos importando mais com detalhes corriqueiros. Embora surgisse aqui e acolá uma estória ou outra com cunho de perversidade. E, então, aos poucos, todos iam acabando a intromissão nos assuntos alheios.

Juro por tudo nesse mundo que uma única vez manguei dos pobres coitados. Terminei mandando-os pros cafundós-do-judas, sem nem mesmo saber onde ficava tal lugar. Coisa de menino buchudo mesmo.

Mas, houve um caso banal: certo dia um se meteu a besta e quis me bater. (E eu me lembrei daquela cantoria de Painhô: nego danado nunca diga que me deu...). O certo é que corri léguas com medo daquele monstrengo de nariz empinado e no meio da testa. Não sei onde fui parar. Certamente no lugar onde o teria mandado anteriormente. Estava suado como nunca.

Porém voltei pra casa onze e trinta e já era hora do almoço. Ah!, as deliciosas comidas de Tia Chica. Painhô me contou que ela fez um baião-de-dois que era coisa de cinema, somente ela conseguiria aquele chamado gosto ideal. Meu pai e Mainhô nunca comeram tanto em suas vidas.

E, então, todos saborearam e defecaram e saborearam e defecaram. A preta velha tinha realmente suas mãos esmeradas. Mas, acho que naquele começo de tarde o sanitário quase entupiu de tanto vai-e-vem.



ESPAÇO LIVRE



D E S T I N O


A vida está chegando...
Para mim
Para você
Para ele
Para ela
Então o que será
dos outros?

A bela juventude de
glória transitória
passada da rasteira
para a rabeira.

E na inglória velhice
os tristes e exatos sinais:
tombos /sonhos / ilusões
da fugaz e obscura
existência.

Bené Chaves

por benechaves às 19:29