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Bené Chaves <>, natalense, é escritor-poeta e crítico de cinema.
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a explovisão (contos, 1979)
castelos de areiamar (contos, 1984)
o que aconteceu em gupiara (romance, 1986)
o menino de sangue azul (novela, 1997)
a mágica ilusão (romance, 2001)
cinzas ao amanhecer (poesia, 2003)
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quinta-feira, setembro 16, 2004

ONDE NASCEU PAINHÔ



             Foi numa fazenda, perto de uma aldeola conhecida como Pinga-Pinga, que meu pai nasceu. Apesar do nome deste pequeno município quase não pingava coisa alguma, principalmente água. Acho que deram tal designação na esperança de que realmente houvesse uma força estranha da natureza ou algum efeito psicológico sobre sua denominação.
             Mas, ali ficava a casa velha, dona de todos os pequenos trilhos que passavam rasteiros pelo caminho seco e ávido de umidade, para reforçar a expressão. Apesar de tudo, lugarzão bom esse, cheio de ares, modos!
             E meu avô sempre falava que era uma delícia ver aquele mundo parado, as estrelas a sorrir, o pequeno gado no curral, quieto, escutando nosso silêncio. A rede na varanda, o corpo velho e enfadado, a livre inquietação dos pássaros.
             Olhar esta terra tranqüila, escura e calmosa.Acho que somos felizes, sem preocupação, na nossa espontânea firmeza de serenidade. E uma aparente alegria dentro de nós, dizia enfim.
             Pra banda de fora, o vento surrava a areia esturricada e dava um banho no curral, cobrindo as bostas e descobrindo um cheiro de fazenda, cheirão de merda de boi, custoso. Mais das vezes sem incomodar. Anestesia de vaqueiro, segundo meu pai comentava. E as criancinhas nos arrabaldes rolando no chão pouco enlameado e fugindo de responsabilidades. A idade era todo prazer.
             Deram o nome de Ferrões àquela pequena fazenda. Vidona de gente analfabeta e sem costumes. Mas, sobretudo, um povo bom, amigo, sem hipocrisia. Painhô dizia que o sofrimento traz tristeza, mas aquele povo, apesar das dificuldades, não era triste. E acrescentava: filho, quando você crescer saberá medir valores intrínsecos.
             Dentro de uma filosofia toda particular, falava ainda que era lindo ver um menino com um infinito campo para correr, tornar-se adulto com sentimentos e razões inerentes a ele mesmo. Eu cresci, filho - e olhava uma vastidão à sua frente -, dando vazões para um mundo justo, liberto. Essa tal de liberdade vem do berço, o primeiro passo do homem, finalizava então.
             Naquele alto sertão, estradas sem fim, retirantes se assustavam com conversas sem entendimentos. Lá longe, ruídos penetravam entre brechas e todos silenciavam. A lua, cheinha de iluminação e imaginação, ditava as normas.
             Painhô era algo especial para aquela gente.Suas frases causavam efeitos e má compreensão nas pessoas simples e crédulas que não aprenderam nada. E aos poucos ele parecia também querer ensinar seu modo de vida.


ESPAÇO LIVRE


SEQUÊNCIAS E CENAS ANTOLÓGICAS(3)


             Þ A bela seqüência final de "Deus e o Diabo na terra do sol" (Glauber Rocha, 64), com enfoque especial para a canção do Sérgio Ricardo (melodia) e letra do próprio cineasta.
             Þ A cena final de "O sétimo selo" (Bergman, 57), onde os personagens da trama são carregados pela temível Morte.
             Þ Toda a seqüência inicial de imagens de "Cidadão Kane" (Welles, 41), em uma atmosfera nitidamente expressionista. É um começo arrasador!
             Þ A cena de "Depois do vendaval" (Ford, 52), com o espanto do velho quando se depara com a cama desfeita e quebrada: "impetuoso, homérico!".

Bené Chaves

por benechaves às 17:06