As pedras apareceram, os insetos se acasalaram e os rudes se mesclaram. E surgiu, então, o homo-sapiens. Depois emergiu a estória de Adão e Eva. Mas foi tudo somente estultícia, porque o primeiro homem comeu - não literalmente - a primeira mulher, claro. E eles, Adão e Eva, nunca souberam disso.
Coisa de acasalamento dos tempos idos, selvageria de antanho, que, acho, não deve ser muito diferente da atual. Apenas diverge quanto ao meio ambiente.
Não é mesmo uma trapaça?
Daí surgiram novos povos, a linguagem tomou impulso e aprenderam a cultivar a terra. E o chafurdo iniciou.
Nada tenho a ver com feitos anteriores, suposições, superstições ou fés inabaláveis. Apenas acho que são calabouços que nos prendem ao infinitivo. Somos mesmos uns tontos a perambular algures, alhures, indefinidos e perplexos ante a magnitude de um Universo.
Enquanto digo isso, em lugares estranhos à nossa percepção visual, acontecem as mais esquisitas façanhas, manhas e artimanhas. Milhões de pessoas morrem de fome, existe guerra, autodestruições, desespero, desamor e, conseqüentemente, a não solidariedade ao próximo. E o ser (dito) humano, continuando a trair seus semelhantes em farsas, hipocrisias e delações.
O mundo, portanto, surgiu a emaranhar, a confundir e até a consagrar cousas, lero-lero e lousas. Daqui em diante nada sei, sei apenas que ele foi inventado e não criado.
O velho está sozinho na ante-sala da casa.
Seu olhar abrange o pequeno trecho da rua,
paisagem que a retina fixou há muitos anos.
Mas, talvez, não seja para a rua, nem para os raros transeuntes,
que ele estenda os olhos dispensados de lentes.
Quem sabe se neles não permaneça um resto de brilho,
provindo de lembranças de remotos domingos.
E, assim, o velho não se sinta sozinho entre os familiares
que o deixam isolado naquele domingo.
por
benechaves às
14:45