E lá foi ele providenciar tudo na única igrejinha de Gupiara. O padre da mesma avexado na conclusão dos trabalhos. A barriguinha dela, ixe!, roncando e resmungando. Logo logo arrumaram os trapos e foram morar juntos.
Enquanto a noite clareou aquele largo alpendre, os grilos entoavam zumbidos desconcertantes. No ar o silêncio de todos nós. As árvores balançavam com o vento forte e cresciam mais barulhos nas matas.
Passarinhos juntavam-se em galhos murchos começando cantos agradáveis.A imensidão do descampado, naquela área suburbana, não deixava margens. Tudo ali era e não era, no semi-árido grande e ressequido.
Diziam ser meu pai um sujeito inteligente, sabido, conhecedor da vida e das coisas inerentes a ela. E tocava um violão de fazer inveja.
Quando a lua voltou a crescer, ele improvisou pequenos versos no aconchego daquele espaçoso alpendre, soltando sua voz vigorosa:
Só não vou na sua casa
Porque tem muita ladeira
Os cachorros latem muito
Sua mãe é cavaleira.
Rapaz solteiro
Namorou mulher casada
Tá com a vida atrapalhada
Na ponta do meu punhal
Parava depois, emitia três ou mais sons e corria livremente o estribilho:
Ô mulher sai do sereno
Ô mulher sai do sereno
Qu'este sereno faz mal.
Expectativa
não ando
caminho imóvel.
Esperando
vocês esperam
não saem do lugar.
Esperando não
se pode esperar
nem andar.
Tampouco
lutar.
por
benechaves às
02:12